Título: CPI aguarda sigilos de Duda
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/10/2005, País, p. A4

Delcídio discute com a PF acesso a contas do exterior

BRASÍLIA - Seguindo a linha de investigação que apura a origem e o destino dos recursos que movimentaram o suposto esquema do mensalão, o presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), se reuniu ontem com o delegado da Polícia Federal (PF), Luiz Flávio Zampronha, para discutir a resistência da Promotoria de Nova York em repassar à comissão os dados sigilosos sobre as contas do publicitário Duda Mendonça no exterior. A CPI só poderá ter acesso às informações depois que assumir o compromisso de confidencialidade.

A comissão quer a quebra de sigilo das movimentações financeiras de Duda, feitas por meio da conta Dusseldorf, aberta no BankBoston, para confirmar a origem dos depósitos de R$ 10,5 milhões. Segundo depoimento do publicitário, os recursos foram todos utilizados em gastos pessoais. Porém a PF quer identificar os saques e as transferências do dinheiro que, segundo Duda, seriam pagamentos de dívidas da campanha de Lula em 2002.

Atuando na frente que apura o possível envolvimento da oposição no esquema de corrupção, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse ontem que a comissão também está investigando novos empréstimos de Marcos Valério à campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), ao governo de Minas Gerais em 1998. A CPI apurou que Valério emprestou cerca de R$ 14 milhões para a campanha tucana.

Segundo a senadora, as investigações apontaram que o Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha de Azeredo, tomou outros empréstimos, além dos declarados, em 2000 e 2001

- Há uma identidade na forma de fazer empréstimos e a relação das estatais de Minas que foram garantidoras dessas operações - afirmou Ideli.

Ela acredita que o envolvimento do PFL e PSDB seja ainda maior e quer abrir o sigilo dos arquivos informatizados do empresário Daniel Dantas, presidente do Opportunity. A CPI pediu a quebra de sigilo, mas Dantas conseguiu impedir a abertura dos arquivos.

As investigações da CPI, no entanto, têm esbarrado em instâncias legais que argumentam que certos procedimentos da apuração ultrapassam a esfera das denúncias do mensalão. Com esse argumento a ministra do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie Northfleet, suspendeu a quebra do sigilo de Dantas.

- Tanto a CPI dos Correios como a do Mensalão levantaram indícios sobre as relações de Dantas com Valério. Duas empresas de Dantas estão entre as principais fontes de abastecimento de Marcos Valério - rebateu a petista.