Valor Econômico, n. 4952, 04/03/2020. Política, p. A10

Ministro coloca prazo de 15 semanas para reformas
Lu Aiko Otta
Edna Simão 


O ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou ontem a um grupo de representantes de movimentos de rua um cronograma de 15 semanas para a aprovação das reformas econômicas que estão em análise no Congresso Nacional. E da reforma administrativa, que ainda está em análise no Palácio do Planalto.

Ele pediu apoio das entidades e afirmou que tem 15 semanas para mudar o Brasil. O prazo coincide com o recesso de meio de ano do Congresso. No segundo semestre, é baixa a possibilidade de aprovação de temas complexos, pois os parlamentares estarão focados nas eleições municipais.

Na área econômica, a informação é que o cronograma é uma espécie de planejamento do esforço a ser feito na tramitação dos projetos. Mas, evidentemente, o ministério não pode fixar prazos, uma vez que as decisões cabem ao Congresso.

“Nos comprometemos a apoiar as reformas que considerarmos adequadas”, disse o coordenador nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), Rubens Nunes. O MBL tem, por exemplo, restrições à reforma tributária. “As propostas que estão no Congresso inviabilizam o comércio e o setor de serviços, além de onerar a cesta básica”, disse.

A entidade considera importante, por outro lado, aprovar uma reforma administrativa para reduzir o tamanho da máquina e a redefinição do pacto federativo.

Nunes considera o cronograma apertado, mas factível. O próprio Guedes teria reconhecido dificuldade na tramitação dos projetos, dada a complexidade dos temas e o fato de as mudanças contrariarem interesses de determinados segmentos.

O MBL vai apoiar a tramitação das reformas no Congresso e por meio das redes sociais. O movimento não tem manifestações programadas para o dia 15.

As organizações haviam sido convidadas para uma reunião com o ministro, por haver demonstrado interesse em dar apoio à aprovação das reformas. A audiência, porém, foi cancelada. O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar, ofereceu então um almoço em sua residência para os representantes. E iniciou o encontro desculpando-se pela ausência do ministro. Mas este apareceu de última hora.

Guedes almoçou com o presidente Jair Bolsonaro, mas decidiu passar pela recepção oferecida por Salim. Ficou cerca de 40 minutos com os representantes dos movimentos e explicou a eles o processo de tramitação das reformas. Falou também sobre a importância delas para o Brasil alcançar o crescimento sustentável.