Valor Econômico, n. 4953, 05/03/2020. Política, p. A15

Presidente fala em reforma política com o PSD

Raphael Di Cunto
Marcelo Ribeiro
Matheus Schuch


O presidente Jair Bolsonaro recebeu os senadores e deputados federais do PSD ontem para um café da manhã e foi cobrado pelos parlamentares pelo envio rápido das sugestões do governo para a reforma tributária e da reforma administrativa.

Bolsonaro prometeu, segundo relatos, continuar trabalhando pelas reformas e pediu apoio dos congressistas do PSD. Além dessas duas reformas, ele prometeu encaminhar em 2021 uma reforma política, sem dar detalhes sobre as mudanças que pretende fazer no sistema eleitoral.

“O tema da fala da maioria dos deputados e senadores foi de que as reformas não parem. Que o governo diga logo o que quer da tributária para aprovarmos no primeiro semestre e mande a administrativa para votarmos depois da eleição”, afirmou o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA).

O deputado Reinhold Stephanes Júnior (PSD-PR) disse que Bolsonaro não deu prazo para mandar os projetos, mas que mostrou disposição de seguir com essa agenda. “A gente está num momento muito bom, com apoio popular muito grande para aprovar as reformas administrativa, a política, que ele falou que vai mandar ano que vem, e terminar a tributária. E acho que ele vai tocar isso daí”, disse.

Em meio a uma crise com o Congresso em torno do Orçamento impositivo, Bolsonaro não comentou o acordo fechado por seus ministros no dia anterior para repassar a gestão de R$ 15 bilhões para o relator do Orçamento de 2020, deputado Domingos Neto (PSD-CE), e negado por ele nas redes sociais. Neto, contudo, agradeceu o empenho do presidente em buscar uma solução pacífica com o Congresso.

O presidente também não comentou no café o crescimento fraco do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que aumentou apenas 1,1% em 2019, em relação ao ano anterior, menor valor em três anos. Bolsonaro também fugiu do Palácio do Alvorada, logo após o café.

Além de Bolsonaro, participaram os ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e da Casa Civil, Walter Braga Netto. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, que deflagrou a crise com o Congresso ao chamar os parlamentares de chantagistas, não esteve no café e nem virou tema.