Título: Líbano em busca de autonomia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 13/10/2005, Internacional, p. A8

O muçulmano Rafik Hariri foi primeiro-ministro do Líbano em duas ocasiões, de 1992 a 1998 e de 2000 a 2004. Seu último mandato terminou após divergências públicas com o governo da Síria, que controlava o país. Na oposição à ocupação, o ex-premier foi vítima de um atentado em 14 de fevereiro deste ano. Seu carro explodiu com uma carga 100 kg de nitroglicerina, quando passava em um bairro cristão, em Beirute.

A maioria dos libaneses acredita que Damasco esteja por trás do ataque, devido à extensiva influência militar e de Inteligência que tinha no Líbano. Dois dias depois, 150 mil pessoas foram ao funeral de Hariri. Era o começo das enormes manifestações na capital, pedindo a renúncia das autoridades sírias no poder em Beirute.

No dia 28, o premier pró-sírio Omar Karami anunciou que deixaria o cargo, mas foi reempossado para a formação de um novo Gabinete. A população se enfureceu. Sem apoio, Karami não conseguiu compor o governo e se demitiu. O presidente Emile Lahoud apontou então o moderado aliado sírio Najib Mikati como premier.

Sob pressão internacional, no final de abril as tropas sírias completaram a retirada do Líbano. Em junho, nas eleições legislativas, a aliança anti-síria, liderada pelo filho de Hariri, Saad, ganhou 72 das 128 cadeiras do Parlamento - provocando a renúncia de Mikati, que abriu espaço para Fouad Siniora, indicado pelos deputados contrários a Damasco.