Título: 'Difícil é achar notas em reais'
Autor: Ricardo Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2005, Rio, p. A13

Pela primeira vez em oito anos como agente da Polícia Federal, Marcos Paulo da Silva Rocha subiu e desceu as escadas da superintendência algemado e escoltado por outros três colegas uniformizados, acompanhado de perto por sua advogada. Ele atravessou a passarela e o pátio internos do prédio da superintendência antes de entrar na sala da Delegacia de Controle de Segurança Privada (Delesp), onde prestou depoimento sobre os inquéritos que apuram o roubo dos R$ 2 milhões e o duplo homicídio que ocorreu em março deste ano, na Barra da Tijuca. A passagem de Rocha - de bermuda, camisa vermelha e tênis - chamou a atenção de policiais, servidores administrativos e funcionários terceirizados. Das sacadas dos quatro andares, as pessoas assistiram a trajetória do agente, que levou menos de três minutos para ser percorrida.

- Que humilhação! Verdadeira execração pública - disse um policial, que trabalhou com ele na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), de onde foram furtados o dinheiro e cerca de 50 quilos de cocaína.

De acordo o delegado Alessandro Moretti, o principal objetivo da equipe de investigação é resgatar o dinheiro em poder de algum cúmplice de Ubirajara Saldanha Maia, o Bira, apontado como o parceiro de Rocha no roubo do dinheiro.

- O Bira está detido e vai acabar colaborando. É inevitável - previu o delegado, que vai ouvir mais duas pessoas sobre o inquérito na segunda e terça-feira: - Difícil será achar as notas em reais, que já devem estar circulando.