Título: Cédulas estão guardadas em cofre secreto
Autor: Ricardo Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2005, Rio, p. A13

Em vez do que aconteceu em 16 de setembro, quando as notas de euro, dólar e real foram armazenadas na sala-cofre da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) - a chave foi deixada no armário -, as cédulas recuperadas ontem tiveram outro destino. Além de estarem fotocopiadas, estão guardadas em um cofre secreto que somente o delegado Alessandro Moretti e mais dois policiais da equipe de Inteligência da Polícia Federal sabem qual é. Cópias da chave estão em poder de três pessoas: o superintendente José Milton Rodrigues, o delegado e um escrivão. De acordo com o superintendente, os R$ 680 mil serão depositados no Banco do Brasil, na segunda-feira. O dinheiro devolvido pelo ladrão é a principal prova contra o agente Marcos Paulo da Silva Rocha e Ubirajara Saldanha Maia, acusados de terem tramado o roubo com o apoio do escrivão Fábio Marôt Kair. Detido em Brasília desde domingo, depois que aceitou ser inscrito no programa de delação premiada - como o JB antecipou na terça-feira - para obter redução da pena, Kair prestará novo depoimento na segunda-feira sem precisar vir ao Rio de Janeiro.

Agentes do Grupo de Investigações Sensíveis (Gise) confirmaram que Kair e seus parentes mais próximos correm o risco de sofrer algum tipo de represália de Marcos Paulo da Silva Rocha, depois que ele foi acusado pelo escrivão de matar dois homens, em março deste ano, na Barra da Tijuca. Ontem, além de depor no inquérito do roubo do dinheiro, Rocha também foi sabatinado por agentes da Polícia Civil, que apuram o crime da Barra da Tijuca.