Valor Econômico, n. 4955, 07/03/2020. Política, p. A8

Em atos pelo país, mulheres protestam contra presidente


Em atos pelo país, mulheres foram às ruas ontem em manifestações pelo Dia Internacional da Mulher e protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro, repudiaram a violência contra a mulher e defenderam a igualdade de gênero.

Em São Paulo, manifestantes concentraram-se na avenida Paulista e portaram bandeiras e faixas com dizeres em lembrança à vereadora Marielle Franco, cujo assassinato completa dois anos no dia 14. O ato, sob chuva, foi marcado pela defesa da democracia e por críticas a Bolsonaro. Entre coletivos feministas, movimentos sociais e siglas de esquerda estavam grupos como Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Central Sindical Popular e Mulheres do Sindicato dos Metroviários de SP. sob chuva, foi marcado pela defesa da democracia e por críticas a Bolsonaro. Entre coletivos feministas, movimentos sociais e siglas de esquerda estavam grupos como Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Central Sindical Popular e Mulheres do Sindicato dos Metroviários de SP.

Representantes de nove organizações religiosas entoavam “quem é cristão não apoia a ditadura/ Bolsonaro não é cristão coisa nenhuma”. Também participaram grupos ligados a partidos, como PSOL, PSTU, PCO e PT - havia uma cabana de filiação para esta legenda. O ato ocupou quatro faixas de três quarteirões da avenida.

No Rio, centenas de mulheres participaram de um protesto no centro. Em cartazes e faixas havia frases como “o Estado opressor é um macho violador”. O foco do ato, na Praça Mauá, foi o combate à violência sexual e a defesa da legalização do aborto. As manifestantes pediram mudanças na forma como o poder público lida com o estupro. Houve performances críticas a Bolsonaro e, nas homenagens a Marielle Franco, mulheres gritaram “O assassino dela é amigo do presidente”. Acusado da morte da vereadora, o policial reformado Ronnie Lessa era vizinho de Bolsonaro e chegou a postar foto com o presidente.

Em Brasília, grupos de mulheres e organizações sociais saíram em marcha pelo Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, e a Funarte (Fundação Nacional de Artes). O ato teve mensagens contra o machismo, o racismo e a violência, além da defesa de direitos dos trabalhadores. Junto ao grupo estavam participantes do Encontro Nacional de Mulheres Sem Terra. De acordo com o MST, foi o primeiro encontro organizado exclusivamente por mulheres camponesas.

Em Salvador, manifestantes fizeram uma caminhada até o Farol da Barra. Cartazes traziam a frase “Parem de nos matar”, um protesto contra o crescimento do crime de feminicídio. O ato teve música e protestos contra o presidente.

Em Belo Horizonte, mulheres criticaram a convocatória de Bolsonaro para as manifestações marcadas para o próximo domingo, e afirmaram que o presidente “avança de novo contra a democracia”. Na passeata, uma faixa dizia “Contra Bolsonaro seremos Marielle”. Em Porto Alegre, mulheres se reuniram para atividades culturais na orla do rio Guaíba.

Além das manifestações de ontem, grupos de mulheres, organizações estudantis, centrais sindicais e partidos de esquerda pretendem fazer mais dois protestos neste mês, que deverão ser um contraponto aos atos marcados para o dia 15 por grupos conservadores, em apoio a Bolsonaro e às Forças Armadas e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Manifestantes irão às ruas no dia 14 para cobrar esclarecimentos sobre a morte de Marielle, e no dia 18, irão em defesa da educação e contra o ministro Abraham Weintraub.