Título: Ex-secretária manda CPI investigar
Autor: Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 12/10/2005, Brasília, p. D3

Maristela Neves avisa que não é corrupta, mas acredita que distritais podem achar corrupção na Secretaria da Educação

A ex-secretária de Educação e atual consultora jurídica do GDF, Maristela Neves, negou qualquer irregularidade durante sua gestão na Secretaria, em depoimento, ontem, na CPI da Educação, na Câmara Legislativa. Após um relato de quase duas horas e mais duas horas e meia de interrogatório, a ex-secretária evitou se aprofundar nas respostas. Ela disse não ser corrupta, mas afirmou que existe corrupção dentro da Secretaria e que cabe à CPI investigar e encontrar as provas e os envolvidos.

Em junho deste ano, em uma conversa gravada com o ex-presidente da comissão de licitação, Antônio Ferreira César, Maristela teria dito que, se abrisse a boca, poderia cassar a deputada Eurides Brito. Apesar de confirmar o diálogo, ela se manteve em silêncio quando interrogada sobre o assunto. A fita é contestada por ela e por Eurides.

Maristela Neves disse estar sendo vítima de uma armação no caso divulgado pela imprensa de que ela teria se hospedado em um apart-hotel da cidade com todas as despesas pagas pela empresa vencedora da licitação para o transporte escolar de alunos da Secretaria de Educação, a Jovem Turismo. Ela disse que não sabia que as parcelas, pagas por sua chefe de gabinete, Hélcia Paranaguá, estavam vindo em faturas da empresa.

A consultora jurídica chamou de zelo o que está sendo considerado direcionamento na licitação do transporte escolar em que a Moura Transportes e a Jovem Turismo venceram o contrato desde 2001.

O relator da CPI, deputado Paulo Tadeu, contou que houve um processo de ruptura na Secretaria de Educação, que resultou nessa série de denúncias. Ele disse que ainda restam dezenas de perguntas e que a CPI vai ouvir Maristela Neves novamente na próxima terça-feira.

-Até o momento ela não respondeu com objetividade às questões de contratação temporária e do transporte escolar, além de se esquivar sobre o que sabe que poderia acabar com a carreira da deputada Eurides Brito - contou Paulo Tadeu.