Correio Braziliense, n. 21731, 15/09/2022. Política, p. 5

Guedes repete o chefe



O ministro Paulo Guedes assumiu de vez o tom da campanha de Jair Bolsonaro (PL) em encontro com empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). A todo instante, o ministro interrompia suas análises para elogiar o governo e criticar, sem menções diretas, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto.

“Conservadores e liberais estão juntos porque do outro lado tem o capeta, o caminho da miséria”, chegou a dizer Guedes a certa altura do discurso. “Qualquer brasileiro sabe qual é o nosso plano. Ninguém sabe qual é o (plano) do outro lado”, acrescentou, arrancando aplausos da plateia de empresários.

Mas, ao contrário das visitas anteriores de Guedes à ACRJ, ao longo do governo, o auditório do prédio próximo à Igreja da Candelária, no Centro, não estava completo. Havia dezenas de cadeiras vazias.

O ministro prometeu à plateia continuar com o processo de abertura da economia e se comprometeu a manter o Auxílio Brasil no valor de R$ 600 ao longo de um eventual próximo governo. “Vamos (manter o valor), tem dinheiro”, afirmou. Ele reivindicou a autoria do programa. “A definição do valor do Auxílio Emergencial é cheia de pais, mas sabemos quem foi a mãe. Fomos nós que desenvolvemos”, assegurou.

Segundo o ministro, o governo Bolsonaro fez “muita coisa”, que só foi possível porque o presidente teve “mão amiga e forte”, referência ao lema do Exército.

Guedes ainda aproveitou a ocasião para fazer elogios públicos ao ex-ministro da Infraestrutura e atual candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). E disse que o Banco Central americano, o Federal Reserve, está vindo para o Brasil “aprender a fazer o Pix” — repetindo a apropriação da tecnologia pelo grupo político de Bolsonaro. O sistema de pagamentos imediatos já vinha sendo desenvolvido por técnicos do Banco Central antes de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.

Notabilizado por discursar contra a possibilidade de reeleição, Guedes disse que mantém a posição, mas relativizou desta vez. “Continuo achando reeleição ruim, mas com dois (governos) FHC, dois Lula e dois Dilma, talvez precisemos de dois Bolsonaro. Vamos dar um creditozinho para ele”, exortou.