Título: Bancários do DF rejeitam proposta e mantêm greve
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 12/10/2005, Brasília, p. D4

Fenaban oferece reajuste de 6% que, dizem funcionários, mal supera inflação

Bancários de Brasília em greve rejeitaram ontem proposta de reajuste apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) na segunda-feira. Em assembléia, no final da tarde, os grevistas decidiram manter a paralisação por tempo indeterminado. - A proposta da Fenaban é insuficiente. Eles oferecem um reajuste de 6%, pouco acima da inflação. É um absurdo, enquanto os banqueiros têm lucros exorbitantes, explorar os bancários com salários cada vez menores - afirmou José Wilson da Silva, da direção do Sindicato dos Bancários do DF.

Além do reajuste, a proposta prevê abono de R$ 1.700,00 e participação nos lucros. A reivindicação da categoria é de aumento de 11,77%, maior participação nos lucros, 14º salário, 13ª cesta-alimentação e a ampliação do horário de atendimento ao público.

- Vamos continuar em greve até que nos seja apresentada uma proposta justa, que contemple os pontos da nossa pauta - assegurou Silva.

Ontem, o juiz Pedro Paulo Teixeira Manus determinou que a greve dos bancários seja de no máximo 30% em cada agência. Segundo Silva, a determinação já está sendo cumprida em Brasília.

Manifestação - Ontem, os grevistas fizeram piquete em frente à agência do Bradesco do Setor Comercial Sul. Cerca de 50 pessoas usaram apitos, buzinas, bananas, bombas de mau cheiro e até vísceras de peixe no protesto. Clientes que tentaram entrar na agência foram impedidos. Muitos forçaram a entrada e provocaram pequenas confusões, mas nenhum incidente grave foi registrado. Na segunda-feira, durante manifestação no mesmo local, os grevistas entraram em confronto com a polícia, quando os manifestantes acusaram a polícia de agredi-los. Seis grevistas foram presas.

A agência do Bradesco - que já é praticamente o alvo oficial das manifestações - foi escolhida porque, segundo os grevistas, o gerente teria se negado a aderir à greve e impedido que seus funcionários o fizessem.

- Estamos conversando com os clientes, pedindo para que eles procurem outras agências do banco que estão atendendo - disse Silva.

Muitos clientes, porém, não concordaram com o apelo. Apesar de ter conseguido furar o cerco e entrar na agência, o empresário Juvêncio Neto se revoltou com a manifestação.

- Eles têm direito a fazer greve, mas não é justo bloquearem agências. Eu tenho conta nesta agência especificamente e estou sendo prejudicado pelas manifestações. Sei que a greve é a única maneira de eles conseguirem aumento, mas prejudicar a população dessa forma é errado - acredita.