Título: Dia do Professor
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2005, Brasília, p. D2
Foram-se os tempos em que ser professor constituía garantia de status e, principalmente, de bom salário. Eram, porém, tempos de redes escolares limitadas, que atendiam quase só às elites e que deixavam a maioria das crianças de fora. Em grande parte pela pressão popular o ensino se expandiu, passou a absorver crescentes parcelas do orçamento público e forçou para baixo os vencimentos dos professores. Isso vale para o ensino público, mas em função das inexoráveis leis econômicas, atinge hoje de forma significativa o ensino privado. Em bom português, os professores passaram a receber salários freqüentemente irrisórios, que representam qualidade de vida discutível e baixa auto-estima. Vale no ensino fundamental, no ensino médio e, dolorosamente, também no ensino superior. Nas universidades federais os contracheques são ofensivos, em especial para os professores mais novos e menos titulados. O esperneio dos sindicatos de pouco adianta, até pela duvidosa eficácia de suas práticas.
É evidente que muito deve ser feito para recuperar o poder aquisitivo dos professores. No entanto, é preciso verificar também outro ponto de sua vida profissional. Quando os sindicatos falam em melhores condições de trabalho, poucos levam a sério. Sabem que sua real preocupação é com salário. Mas a verdade é que as condições de trabalho são lamentáveis.
Mesmo no Distrito Federal, em que os vencimentos dos professores são um pouco melhores que no restante do País, eles enfrentam problemas inacreditáveis. A segurança nas escolas é lamentável e a falta de equipamentos, terrível. A grande maioria não conta sequer com computadores - o que, sabem todos, é o que faz a diferença no ensino. Até em uma universidade de peso, como a UnB, a maioria das salas de aula usa quadro-negro e giz, sem qualquer recurso tecnológico. Projetores talvez, computadores raramente. No Dia do Professor, uma reflexão adicional se impõe. A quantidade atingiu a qualidade, mas nem por isso precisa o ensino manter-se na Idade da Pedra.