O Globo, n. 32600, 08/11/2022. Política, p. 5
Janja organizará cerimônia e festa da posse
Jeniffer Gularte
A equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá ser dividida em quatro coordenações principais, que vão se reportar ao coordenador-geral, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Uma delas ficará com Rosângela Silva, a Janja, mulher de Lula, que comandará o grupo responsável pela cerimônia e a festa de posse do petista, no dia 1º de janeiro. A futura primeira-dama ganhará, inclusive, uma sala no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) — onde o grupo nomeado para a transição trabalha —, próxima à sala do marido. A socióloga, contudo, não será remunerada pela função.
Além desta, haverá outras três coordenações importantes: Administrativa e Jurídica, que será comandada pelo ex-deputado Floriano Pesaro (PSB), homem de confiança de Alckmin, e por lideranças do PT na Câmara e no Senado; Relações Institucionais, liderada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann; e Programa de Governo e Núcleos Temáticos, que ficará a cargo de Aloizio Mercadante.
Esses quatro núcleos terão salas reservadas, que ficarão no mesmo andar de onde despacharão Lula e Alckmin. Os espaços já estão preparados para receber o presidente e o vice eleitos, com mobília e equipamentos de informática. Terão banheiro privativo, ficarão lado a lado e contarão com uma porta de acesso entre elas. Lula estará em Brasília nesta semana e há expectativa de que ele visite as instalações do CCBB.
Acesso restrito
O acesso ao perímetro das salas será restrito durante a transição. A equipe de Lula tem preocupação especial com segurança. No andar onde ficarão as salas do presidente eleito, do vice eleito e dos quatro coordenadores, circularão apenas pessoas da absoluta confiança do núcleo petista, incluindo policiais federais, funcionários de limpeza, da copa e o secretariado.
A transição contará com pelo menos 28 grupos temáticos divididos por áreas como saúde, meio ambiente, cultura, segurança pública, educação e direitos humanos, chefiadas por Mercadante — coordenador do plano de governo de Lula.
O total de áreas temáticas poderá chegar a 32 — número de ministérios que Lula deverá ter na Esplanada. Cada núcleo temático ficará em uma sala pequena, terá uma coordenação coletiva, para evitar especulações de indicações de ministeriáveis, e uma secretaria executiva.
Embora o núcleo mais próximo de Lula se empenhe para afastar as especulações de nomes do primeiro escalão — na semana passada Gleisi fez questão de ressaltar que o fato de ser da coordenação de grupo temático não significava uma indicação para chefiar ministério —, petistas admitem que as disputas por espaço no novo governo ocorrerão dentro desses grupos.
Ontem, além do deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL), o nome de Jorge Messias — conhecido por ter o nome citado na quebra de sigilo telefônico de Lula e Dilma Roussef, em 2016—foi anunciado para assessorar o trabalho de elaboração dos atos jurídicos da transição.
O presidente eleito tem direito a indicar 50 nomes para a equipe de transição —a lista está em fase de finalização. A expectativa, no entanto, é de que pelo menos 200 profissionais, entre técnicos cedidos e voluntários trabalhem no CCBB até a posse de Lula. A ideia é que o grupo principal da transição avalie as contas e os programas do atual governo, além de debater a viabilidade de promessas de campanha do petista.