Valor Econômico, n. 4955, 10/03/2020. Especial, p. A14

Nos EUA, Bolsonaro reafirma ‘lealdade’ a chefe da Economia

Paola de Orte 


O presidente Jair Bolsonaro reafirmou sua lealdade ao ministro da Economia, Paulo Guedes, no mesmo dia em que as bolsas brasileiras e nos EUA suspenderam as operações de compra e venda devido a uma queda abrupta nos índices.

“Na questão econômica, como disse, confiança acima de tudo. Honrar compromissos buscar retaguardas jurídicas e garantias. Temos na pessoa do Ministro da Economia um homem conhecido dentro e fora do Brasil, o senhor Paulo Guedes. E às suas políticas econômicas somos leais e buscamos implementá-las de todas as formas. Estamos mostrando que estamos no caminho certo. Aqui nos Estados Unidos estamos mostrando isso”, disse.

Para ele, a apreensão econômica com o coronavírus está sendo superdimensionada. “O poder destruidor desse vírus talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica. ”

A opinião de Bolsonaro sobre o coronavírus foi proferida durante um evento para empresários brasileiros em Miami - o presidente está nos EUA desde sábado, quando se encontrou com o americano Donald Trump. A declaração sobre a epidemia foi dada no momento em que o mandatário brasileiro argumentava que a economia do país estava indo bem. “Os números vêm demonstrando que o Brasil começou a arrumar sua economia. ”

Bolsonaro também disse que conversou ontem o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo o qual a “casa fará sua parte”.

“Vencemos o primeiro ano com muito sacrifício. Tivemos apoio do Parlamento na reforma previdenciária, a mãe de todas as reformas. Outras duas se apresentam pela frente. Conversei ontem rapidamente com o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ele falou que, apesar de alguns atritos comuns, o que é muito normal na política, a Câmara fará sua parte, buscando a melhor reforma administrativa e tributária. ”

Sobre a relação de sua administração com as Forças Armadas, Bolsonaro argumentou que é diferente da que ocorre na Venezuela, onde o regime de Nicolás Maduro governa cercado por generais que o apoiam e o sustentam no poder. O governo brasileiro vem incorporando ao alto escalão um número cada vez maior de membros das Forças Armadas.

“O Brasil teve sucesso também porque teve nas suas Forças Armadas uma grande aliada como pilares da democracia e da liberdade no nosso país. As nossas Forças Armadas não foram cooptadas pelas políticas partidárias, como foram as Forças Armadas da Venezuela. ”

Bolsonaro também disse que combateu “duramente” a esquerda e que não pode “dar trégua ou oportunidade para eles”. “Caso contrário, eles voltam, como voltaram em um importante país para o mundo ao sul da nossa querida América do Sul. ”

O presidente disse que houve desconfiança por parte dos governos brasileiros “de esquerda” ao longo das últimas décadas com relação aos EUA, mas que isso mudou. Bolsonaro argumentou que família, lealdade ao povo pelo governo, Forças Armadas e Deus são “antídotos contra a esquerda” que quer “escravizar sua população”.

“Temos um país agora cujo governo respeita a família. Um governo que deve lealdade ao seu povo. Um governo que valoriza as suas Forças Armadas e um governo que acredita em Deus. Esse é o grande antídoto contra a esquerda, que busca a todo momento apenas a luta pelo poder escravizar sua população. O Brasil está se preparando cada vez mais para enfrentar esses desafios. ”

Bolsonaro afirmou também que o Brasil é importante para os Estados Unidos, “assim como os Estados Unidos são muito importantes para o Brasil”, e que o governo quer restabelecer um eixo Norte-Sul entre os dois países.

Sobre o jantar com o presidente americano, o Bolsonaro afirmou que ele e Trump conversaram sobre muitas coisas, algumas de forma reservada, como a questão da Venezuela.