Título: Indústria fatura mais e emprega menos
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Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2005, Brasília, p. D5

Produção no DF cresce 0,39% em agosto, mas reduz os empregos em 2,38%, em função da expectativa criada pelo governo

O crescimento industrial do Distrito Federal registrado em agosto foi de 0,39% em relação a julho. Entretanto, mesmo faturando mais, as empresas de Brasília continuam demitindo. A redução de empregos na indústria chegou a 2,38% do total, o maior deste ano, representando cerca de 900 vagas a menos. O segmento de alimentação foi o que mais desempregou, com um corte de 12,81% do quadro de pessoal, seguido de tecnologia da informação (-7,41%) e construção civil (-3,68%).

- São segmentos que dependem muito do governo e refletem uma situação sazonal. Muitas empregas estão encerrando contratos ou na expectativa de assinar novos. Isso explica a contradição de aumento no faturamento e também nas demissões - explica o vice-presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (DF), Ricardo Caldas.

Ao analisar o aumento do faturamento das empresas, Caldas diz que apesar do desempenho positivo, os índices dos últimos quatro meses têm caído. Em julho o incremento no faturamento foi de 1,8%, em junho, 1,99% e em maio 6,21%.

O fato é atribuído a queda nas três atividades de maior participação relativa no indicador geral: tecnologia da informação, processamento de grãos e reparação de veículos.

-Isso se deve ao término dos contratos firmados com os governos Federal e Distrital. Também houve uma redução de vendas de grãos para as regiões Norte e Nordeste e a acomodação da massa de rendimento real dos ocupados neste primeiro semestre - explicou Caldas.

A expectativa é de recuperação no próximo trimestre. Devem contribuir para isso a flexibilização da política monetária, o afastamento da crise no Planalto, o previsível aumento das exportações e a alta da confiança do consumidor.

Apesar de o levantamento ainda não sinalizar interrupção de queda no emprego industrial, Caldas acredita que a partir desse mês o nível de emprego deve crescer.

- Ao analisar os gráficos, percebemos ciclos de altos e baixos. Como chegamos ao pior índice, isso deve se reverter sinalizando o término do ciclo e demissões dos últimos meses - disse.

Capacidade instalada - A indústria brasiliense operou com 63,4% de sua capacidade instalada em agosto, 0,22 pontos percentuais a mais em relação a julho. Neste ponto, não houve grandes oscilações desde maio.

Os setores de processamento de grãos (76,6%), tecnologia da informação (75,6%) e vestuário e acessórios (70%) se destacaram por manterem índices semelhantes aos da indústria nacional.

Até o fim do ano, a expectativa é de novos investimentos, principalmente no segmento de tecnologia da informação, com a implantação do parque digital.