Valor Econômico, n. 4957, 11/03/2020. Internacional, p. A11

Argentina quer renegociar US$ 69 bi da dívida

 Marina Guimarães


A Argentina quer renegociar US$ 68, 842 bilhões de sua dívida com credores estrangeiros privados. O valor foi anunciado por meio de decreto, publicado ontem no Boletim Oficial.

Não estão claros os termos da renegociação com os credores. Analistas preveem um processo complexo, que possivelmente ultrapassará 31 de março, prazo inicialmente definido pelo governo.

“Mantemos nosso cenário de um processo que levará muito mais tempo do que o governo pensa”, disse Martín Polo, da Mills Capital Markets.

“Será um período tenso, porque a negociação ocorrerá em contexto adverso e com grandes vencimentos, o que poderia levar a um default. ”

Para o mercado, o que governo oferecerá ainda é um mistério. “Além de conhecer o programa econômico e fiscal do governo para decidir se entrarão na renegociação, os investidores precisam de pistas sobre os parâmetros de uma possível restruturação. Mas ainda não há pistas”, disse Federico Furiase, da consultoria EcoGo, ao acrescentar que, em meio ao pânico do coronavírus e o colapso dos preços de petróleo, o cenário ficou mais desfavorável à negociação.

Segundo o decreto, serão incluídos todos os títulos emitidos em dólar sob legislação estrangeira. Analistas preveem que o passo seguinte será a tentativa de renegociação da dívida em pesos, que equivale a US$ 30 bilhões e foi emitida sob legislação local.

Ontem, o ministro de Economia, Martín Guzmán, reuniu sua equipe para debater detalhes da proposta de reestruturação. Os termos devem ser apresentados nas próximas semanas