Título: CPI ouve tesoureiro do PSDB
Autor: Renata Moura e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 17/10/2005, País, p. A2

Depoimento de Cláudio Mourão aumenta disputa entre oposição e governo

BRASÍLIA - A briga entre petistas e tucanos na CPI dos Correios promete se acirrar quarta-feira. O motivo é o depoimento de Cláudio Mourão, ex-secretário de Administração do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no governo do Estado de Minas Gerais entre 1995 e 1998 e tesoureiro da campanha do parlamentar à reeleição. Hoje, Azeredo é presidente nacional do PSDB. Mourão é suspeito de ter desempenhado papel semelhante ao do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, de repassar recursos a aliados do PSDB mineiro e utilizar esse dinheiro para financiar a campanha de Azeredo em 1998.

Mourão será ouvido pelos integrantes da CPI dos Correios na quarta-feira. A base aliada do governo aposta que o depoimento de Mourão comprove que Marcos Valério, acusado de ser o operador dos esquemas de caixa 2 do PT e do mensalão, atuava para os tucanos, com os mesmos procedimentos, antes do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição considera o depoimento parte da estratégia do PT de sair da defesa para o ataque.

- A convocação de Mourão vem de um processo de radicalização. O PT quer justificar seus erros com outros erros, com uma generalização. Está muito claro que é uma tentativa de empatar o jogo - afirmou o sub-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios, revelou que vai pedir a interferência do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, para a comissão ter acesso aos extratos bancários do publicitário Duda Mendonça nas Bahamas. À CPI dos Correios, Mendonça afirmou ter recebido, nas Bahamas, quase R$ 11 milhões como pagamento de dívidas do PT.