Correio Braziliense, n. 21743, 27/09/2022. Cidades, p. 14

Pesquisa esquenta disputa ao GDF 

Carlos Silva
Edis Henrique Peres
Pablo Giovanni


O impacto da pesquisa Correio/Opinião esquentou ainda mais as campanhas dos candidatos ao governo do Distrito Federal. Candidato à reeleição, Ibaneis Rocha (MDB), lidera a disputa, mas caiu na intenção de votos de 42,8% para 41,2%. De acordo com o levantamento exclusivo do Correio, a atual margem aumenta a possibilidade de um segundo turno entre o atual governador e os concorrentes que disputam a outra vaga. Três candidatos estão nessa corrida: Paulo Octávio (PSD), Leandro Grass (PV) e Leila Barros (PDT). Na avaliação de especialistas ouvidos pela reportagem, a última semana de campanha será decisiva e o cenário pode se alterar até domingo, dia do pleito.

Doutor em ciência política, Lúcio Rennó avalia que a eleição ainda não foi decidida. “São dois aspectos fundamentais que precisam ser levados em conta, o primeiro é se Ibaneis vai ganhar em primeiro turno, pois não está claro se ele tem uma chance de ganhar a disputa ou não. Um ponto que pesa é que as avaliações contra o governo têm piorado, o que diminui, inclusive, o alcance do candidato na parcela de eleitores indecisos. A segunda incerteza é quem afinal vai disputar com ele esse possível segundo turno, pois temos um empate técnico”, aponta.

Atualmente, na pesquisa Correio/Opinião, Paulo Octávio (PSD) apresenta 13,2% da intenção dos votos, enquanto Leandro Grass (PV) e Leila Barros (PDT) apresentam 10,1% da intenção. O empate se dá devido a margem de erro da pesquisa, de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%. Devido a isso, Lúcio Rennó pondera que os três podem alcançar o segundo turno. “A disputa agora vai ser voto a voto, os eventos desta semana, os debates e a participação na rua tem um peso muito grande. A propaganda eleitoral, na tevê e no rádio, além dos programas impulsionados nas redes sociais, são decisivos para alcançar quem ainda não definiu o voto”, analisa. O especialista destaca que é mais provável os candidatos conquistarem os indecisos, que conseguirem mudar o voto dos eleitores que já escolheram seus candidatos. “A ativação do voto, convencer a pessoa a ir votar, é mais possível de acontecer do que mudar o voto definido, principalmente nesse momento da eleição”, detalha.

 

Expectativas

Cientista político, Valdir Pucci pontua que toda eleição pode apresentar surpresas com a chegada de fatos novos para a análise do público. “Nenhuma eleição é decidida de véspera. Só é definido quem ganha, no dia da própria eleição. No DF, não acredito que algum acontecimento venha modificar drasticamente o que estamos vendo, mas esta semana é de expectativas e decisão”, afirma. Na avaliação de Valdir, o grande foco será na campanha nas ruas. “O corpo a corpo, com os candidatos conversando com os eleitores, será um ponto importante Mas nenhuma campanha é feita com apenas uma ação, e as campanhas na internet também desempenham seu papel”, define.

Valdir opina que o olhar dos eleitores estará mais atento nesta reta final. “Quem não vive da política ou para a política, começa a ter uma atenção especial nesta última semana, analisando os candidatos para definir seu voto. Temos muitos indecisos, e principalmente, brancos e nulos. Além disso, há as abstenções de voto, ou seja, o papel dos postulantes não será apenas conquistar o voto do eleitor, mas convencer o eleitor a ir às urnas”, avalia.

O PSD-DF aponta que a pesquisa mostra que o trabalho nas ruas e redes sociais, potencializada pela vontade de ser governador por parte de Paulo Octávio, faz com que os frutos estejam sendo colhidos. “A pesquisa reflete a fotografia exata do momento, que vai mudar até o dia da eleição, com o crescimento de nosso candidato. Paulo Octávio disputará o segundo turno e o partido tem certeza que fará ainda uma bancada expressiva de deputados distritais e elegerá nomes importantes no Legislativo nacional”, assegura a sigla, em nota.

Com o objetivo de ganhar eleitores, o PDT-DF se mobiliza em torno da candidatura de Leila do Vôlei e dos candidatos da sigla. “A candidata Leila está com um trabalho muito intenso, tenho a convicção de que ela vai ao segundo turno contra o governador. O nosso objetivo é participar da agenda, na medida do possível, dos candidatos. Estamos engajados para que não somente ela, mas vários dos nossos deputados distritais e federais sejam eleitos”, garante Georges Michel, presidente do partido.

No quinto lugar da disputa, Izalci Lucas (PSDB), deixou a marca de 5,2% para 3,8 na última pesquisa do Correio/Opinião. No entanto, o partido defende que a pesquisa não reflete o que o candidato percebe nas ruas. Maione Dias, vice-presidente do PSDB-DF, garante que o candidato “tem encontrado nas ruas da cidade imenso apoio da população, com gestos de carinho e declaração de voto”.

Por outro lado, Coronel Moreno (PTB) deixou o oitavo lugar da corrida e ocupa agora a sexta posição. O partido garante que a expectativa é crescer na reta final da disputa. “A esperança é que tende a crescer ainda mais. Infelizmente, o atual governo não preenche os requisitos da direita, que está ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL). O nosso eleitorado é contra o que foi proposto pelo governo. O nosso público apoia armas, e está ao lado”, assegura.

A reportagem tentou contato com os demais partidos e federações dos seis primeiros colocados ao longo de todo o dia de ontem, no entanto, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

Mais críticas

A última semana de disputa também deve aumentar o tom de críticas contra o governador Ibaneis Rocha e os demais candidatos. A avaliação é da professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Amanda Vitoria Lopes. “Os candidatos tentarão ter um maior destaque e puxar votos, principalmente nos ataques contra o atual governador. Na campanha do DF, nada está decidido, ainda podemos levar isso para o segundo turno. Os debates, as redes sociais e os vídeos com potencial de viralização, são um ponto importante para esta semana. Todo o movimento dos postulantes deve ser direcionado mais na mira contra os concorrentes, do que na apresentação de propostas em si”, explica.