Título: Escassez pressiona preços de imóveis
Autor: Rodrigo Vasconcelos
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2005, Brasília, p. D5

Estoque baixo de lotes no Plano Piloto, no Quem tem dinheiro para investir e procura uma aplicação que alie segurança e rentabilidade deve ficar de olho nos imóveis das Asas Sul e Norte e dos Lagos Sul e Norte. Especialistas apontam uma tendência de valorização imobiliária nessas regiões, onde restam poucas projeções e terrenos vazios. - Existem 850 terrenos vazios no Lago Sul e 370, no Lago Norte. Na Asa Norte são 32 projeções e, na Sul, apenas duas, nenhuma delas à venda atualmente. É muito pouco para Brasília, onde a demanda por imóveis é cada vez maior - disse o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) de Brasília, Luiz Carlos Attié.

No Lago Sul, os imóveis valem R$ 1 milhão em média. O preço dos terrenos variam entre R$ 550 mil e R$ 3 milhões. Nos últimos cinco anos, a valorização média foi de 30%. Só com a construção da ponte Juscelino Kubitschek, o preço dos terrenos vizinhos chegou a subir 40% de imediato.

- Não existe no Brasil uma região como o Lago Sul, onde o tamanho médio dos lotes residenciais é de 800 metros quadrados. Quando acrescentamos a isso a qualidade de vida semelhante à da Noruega e os baixos índices de criminalidade, o potencial de valorização dos imóveis da área é enorme - disse a administradora do Lago Sul, Natanry Osório.

No Lago Norte, a tranqüilidade interiorana e os preços mais baixos em comparação aos do Lago Sul são os principais fatores de atração. Os imóveis da área valem em média R$ 300 mil. Barato, se comparado, por exemplo, ao Sudoeste, onde um apartamento de 3 quartos na planta chega a custar R$ 400 mil.

Há cinco anos, a pedagoga Tânia Fonseca e sua família trocaram um apartamento com três quartos e área de 160 metros quadrados por uma casa de 500 metros quadrados no Lago Norte. Tânia e o marido têm certeza de que tomaram a melhor decisão.

- Optamos por mais qualidade de vida, liberdade, conforto. E não sentimos diferença em relação à segurança. É mito dizer que casa é menos segura que apartamento. A freqüência de assaltos a residências aqui não é maior que a de roubos em prédios no Plano Piloto. Tenho filhos que voltam da rua de madrugada e nunca passaram por nenhuma situação de perigo - disse a pedagoga.

Já as projeções nas Asas Sul e Norte alcançam valores acima de R$ 10 milhões. Como é escassa a oferta de imóveis existente, a saída para o aumento da demanda passa pelas áreas de expansão e condomínios residenciais.

- O mercado no Plano Piloto é limitado, até mesmo em razão do tombamento. A criação de novos bairros deverá aliviar esse gargalo. Já os condomínios são uma boa opção para quem quer morar bem sem gastar muito. Sem falar que são centros de convivência, onde os moradores se conhecem, ajudam a preservar e investem na melhoria da infra-estrutura - disse Attié.

Mas a valorização e a especulação imobiliárias podem representar também riscos para o patrimônio arquitetônico de Brasília. Áreas destinadas originalmente à instalação de salas comerciais são desviadas para fins residenciais e vice-versa.

- Nas 900s, destinadas à construção de prédios institucionais, existem até condomínios. Nas entrequadras da 410 e 412 Norte, de uso comercial, foram construídos prédios residenciais. E há previsão legal, até hoje, de construção de prédios de flats na orla do Lago Paranoá. Se não houver fiscalização e revisão de algumas leis, a especulação das corretoras poderá colocar em risco a preservação do patrimônio arquitetônico de Brasília - disse Vera Ramos, chefe da Divisão Técnica da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Distrito Federal.

Lago Sul e no Lago Norte indica tendência para valorização a curto prazo