Correio Braziliense, n. 21747, 01/10/2022. Política, p. 2

Lula vai a três estados; Bolsonaro visita Minas 

Victor Correia


Candidato do PT ao Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez campanha, ontem, em três estados. De manhã, o petista esteve no Rio de Janeiro, onde participou de reunião com os candidatos ao governo fluminense Marcelo Freixo (PSB) e ao Senado André Ceciliano (PT). À tarde, ele fez caminhadas com apoiadores e candidatos locais em Salvador e Fortaleza.

No Rio, Lula afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL), se derrotado, pode “tentar criar confusão” na transição de governos. O petista citou o seu primeiro mandato, em 2002, quando sucedeu o tucano Fernando Henrique Cardoso. “Nós tivemos acesso a todas as informações do governo. Nada foi negado para o governo vitorioso. Não acho que a gente terá a mesma facilidade com o Bolsonaro. Não acho que ele terá a mesma disposição”, declarou. “O pessoal do PSDB fazia política. Quando eles ganhavam, eles faziam festa. E quando perdiam, permitiam que quem ganhasse fizesse festa. Não é esse o comportamento do Bolsonaro.”

Lula destacou que o mundo está “preocupado” com as eleições brasileiras e reprovou críticas de Bolsonaro à Argentina. “Você não pode ter no Brasil um presidente que fique provocando a Argentina todo dia. A Argentina é nosso principal parceiro comercial. É uma burrice de quem governa. Então, nós vamos ter dificuldade de recuperar um monte de coisa em que foi feito o desmonte aqui”, reforçou.

Por sua vez, Bolsonaro participou de uma motociata em Poços de Caldas (MG). No fim do dia, fez uma live em que disparou críticas a Lula e pediu que os apoiadores vistam camisas amarelas para votar amanhã.

“Não tem mais camisa de futebol do Brasil à venda”, afirmou. “Vá votar no domingo e vá com a camisa amarela, de preferência. Se não a amarela, vai a verde, mas a amarela chama mais atenção. (...) Para mostrar que numa seção eleitoral tem muito mais gente indo votar em nós do que em outros candidatos”, acrescentou.

Ele aproveitou para criticar o programa de governo de Lula. “Esse pessoal de esquerda, eles são pró-Estado, são pró-sindicato. Querem controlar tudo. Aqui no plano de governo do Lula, que ele recolheu, estava prevista a regulação do agronegócio. O que é realugar o agronegócio? É cobrar alguma coisa”, disse. Uma das versões do programa apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela campanha petista previa a “regulação e constituição de uma agroindústria”. Após críticas, a medida foi retirada do documento, e o coordenador do programa, Aloizio Mercadante (PT), disse que ela foi incluída por engano.

O presidente repetiu que, se eleito, manterá o Auxílio Brasil de R$ 600. “Está garantida, da nossa parte, a continuidade desse valor para 2023 também. Está acertado com a equipe econômica, com o Paulo Guedes. Tem recurso. Tem de onde tirar o dinheiro dentro da responsabilidade fiscal.”