Título: Greve é maior no governo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 14/10/2005, Economia & Negócios, p. A21

A esfera pública - governos estadual, municipal e federal - concentrou a maior parte das greves ocorridas em 2004. Do total de 302 paralisações registradas, 61% delas foram realizadas pelo funcionalismo público. É o que revela pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Já em horas paradas, o setor público foi campeão disparado. Foram 19 mil horas sem trabalho contra 3 mil horas de paralisação no setor privado. Para o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lucio, o setor público conta com mais dificuldades na hora de negociar, o que reflete ausências de políticas de gestão para o servidor público. Assim, as greves no setor privado tendem a ser mais rápidas, segundo ele, porque significam perda de dinheiro.

- Os dias parados se refletem em perdas no lucro para a empresa e os trabalhadores têm desconto em folha. Também no setor privado, o medo do desemprego é mais presente que no setor público. Já os servidores públicos têm estabilidade - afirma ele, lembrando que, em 2004, 62% das paralisações privadas duraram um dia.

Já entre os funcionários públicos, 33% das paralisações ocorreram por 24 horas, enquanto que 21% dos movimentos tiveram paralisação de três a dez dias; 22% de 11 a 30 dias e 18% superaram 30 dias.

Os governos municipais foram os que apresentaram maior dificuldades para o diálogo. O setor teve 48% de canais abertos para negociação, enquanto que na esfera federal, o índice chegou a 100%.

Segundo Ganz Lucio, uma das novidades na pesquisa é que a maior parte das paralisações do setor público e privado (65%) ocorreu por reivindicações sobre avanços nas relações trabalhistas, como ampliação dos direitos assegurados. Mesmo assim, 35% das greves do ano passado ocorreram por descumprimento dos acordos, de acordo com a pesquisa. O reajuste do salário foi a maior preocupação dos grevistas.

Na esfera privada, o setor de serviços registrou o maior número de paralisações, devido ao maior desrespeito às condições de trabalho e aos direitos.