Título: Abraço pelo desarmamento
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 14/10/2005, Rio, p. A16
No começo da tarde de ontem, os turistas que visitaram o Redentor foram surpreendidos por uma centena de pessoas que portavam faixas e bandeirolas com a palavra Sim. O ato, que terminou com um grande abraço à estátua do Cristo, foi organizado pela Frente Brasil Sem Armas e fez parte da campanha nacional pelo desarmamento. Assim como Maria da Penha Souza Silva, 47 anos, a maioria das pessoas que estava ali foi vítima de arma de fogo ou teve algum parente assassinado por bala perdida. Há nove anos, o filho de Maria, Maicon, na época com 2 anos e 6 meses, morreu atingido por uma bala perdida durante um tiroteio entre traficantes e policiais em Acari, onde morava.
- Estou aqui para evitar que aconteça com outras pessoas o que aconteceu ao meu filho. A arma é uma violência pelo simples fato de existir - disse Maria.
Apesar de também ter participado do abraço, Ana Amélia Silva Rocha, 40, que perdeu o filho, Thiago, atropelado por um carro dirigido por um juiz, votará pelo não desarmamento.
- Não podemos desarmar a população sem desarmar os bandidos. Se isso acontecer, ficaremos reféns dos criminosos - afirmou.
Uma das coordenadoras nacionais da Frente, Cristina Leonardo acredita que independentemente do resultado nas urnas, a discussão sobre o sistema de segurança em vigor no país traz ótimos frutos para a sociedade. Para ela, o desarmamento é uma pequena parte do debate.
- Quem tem obrigação de desarmar o bandido é a polícia, não a população. O desarmamento diminuirá a facilidade que existe hoje de se conseguir armas, mas não privará a sociedade desse direito - explicou.
No próximo domingo, em Porto Alegre, a frente fará um evento que terá a presença de Neguinho da Beija-Flor e onde será cantado o Samba do Sim, música composta por carnavalescos gaúchos.