Correio Braziliense, n. 21751, 05/10/2022. Política, p. 2

Com Moro, um novo diálogo



Depois de Sergio Moro (União Brasil), eleito senador no Paraná, ter declarado apoio a Jair Bolsonaro (PL) para o segundo turno — afirmando que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “não é uma opção eleitoral” —, o presidente da República relatou ter conversado por telefone com seu ex-ministro da Justiça. Assegurou que o desentendimento entre eles está “superado” e ainda afirmou ter a “certeza de que Sergio Moro será um grande senador”.

“Foi uma conversa bastante amistosa. Apaga-se no passado qualquer divergência porventura ocorrida. Sergio Moro foi uma pessoa que realmente mostrou o que era corrupção no Brasil, levando dezenas de pessoas a condenações. Deu uma nova dinâmica, muita esperança ao Brasil naquele momento. Então, o Moro vai continuar, no meu entender, trabalhando com o viés desse lado, assim como (Deltan) “evolução”. “Todos nós evoluímos. Eu mesmo errei no passado em alguns pontos e a gente evolui para o bem do nosso Brasil. Eu não posso querer impor a minha agenda pessoal. O Cláudio Castro (governador reeleito do Rio de Janeiro) mesmo já interferiu conversando como devia me reposicionar. Erramos, pedimos desculpas. Não temos compromisso com o erro”, salientou.

O presidente afirmou que terá um “novo relacionamento” com Moro e que o “passado faz parte do passado”. “Tenho certeza que o Sergio Moro será um grande senador, assim como Dallagnol. Está superado tudo. Daqui para frente, é um novo relacionamento. Ele pensa, obviamente, no Brasil, e quer fazer o melhor para o país e para seu estado. O passado é no passado, não tem contas a ajustar. Temos é que cada vez mais nos entendermos para melhor servimos à nossa pátria. Ele (Moro) mesmo, quando chegou aqui como ministro, não tinha nenhuma experiência política. Talvez isso tenha contribuído para alguns deslizes. Não tenho nada desabonador, muito pelo contrário”, garantiu.

 

Detalhe

Questionado se confiava em Moro, disse tratar-se de um detalhe: “Não vamos entrar nesse detalhe. Ele vai fazer um trabalho dentro do Parlamento. Pretendo conversar pessoalmente com ele. Ele tem seus interesses, eu tenho os meus, mas, no grosso, convergimos para um mesmo ideal”, esquivou-se.

Moro deixou o governo em abril de 2020 denunciando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal para proteger amigos e parentes. O inquérito da Polícia Federal, que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), concluiu que o presidente não atuou politicamente para as trocas na PF. Com o fim das investigações, o ex-ministro foi chamado de “traíra” e “mentiroso” por Bolsonaro. (IS)

 

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