Correio Braziliense, n. 21750, 04/10/2022. Política, p. 2

Bolsonaro recebe aceno de Zema, em Minas



Um dia após o primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu aliados e candidatos eleitos, no Palácio do Planalto, para discutir a estratégia voltada à rodada final das eleições ao Planalto. Entre os convidados estavam o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disputará o segundo turno ao governo de São Paulo com Fernando Haddad; e a deputada federal reeleita Bia Kicis (PL-DF).

Bolsonaro e Tarcísio alinharam a ofensiva em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, onde o chefe do Executivo saiu vitorioso no primeiro turno, com 47,7% dos votos, contra 40,8% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O foco também estará no Rio de Janeiro — onde ganhou por 51% contra 40,6% — e, principalmente, em Minas Gerais, estado em que petista ganhou por 48,2% a 43,6%.

O governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), deve fechar com Bolsonaro, deixando Lula sem palanque no estado. “Sabemos que, no passado, o PT em Minas Gerais foi uma grande tragédia, uma das gestões mais desastrosas que o estado teve. Tenho obrigação de combater um governo que já causou danos enormes”, justificou, em entrevista à CNN Brasil.

Já no Rio de Janeiro, o presidente conta com o governador reeleito, Cláudio Castro (PL), para ampliar a vantagem: 58,6%, contra 27,3% do segundo colocado, Marcelo Freixo (PSB)

Na conversa no Planalto, Bolsonaro escalou Bia Kicis para trabalhar junto ao eleitorado feminino e religioso. Ela estará na frente católica, enquanto a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a senadora eleita Damares Alves  (Republicanos-DF) atuarão do lado evangélico.

“A única coisa que foi falado é que, neste momento, vou trabalhar com a senadora Damares e com a primeira-dama para a gente levar a voz da mulher pelo Brasil”, contou Kicis após o encontro. “Uma voz cristã também. A gente sabe que tanto a senadora como a primeira-dama são evangélicas, falam muito bem para público evangélico, eu quero falar para o público católico também, trabalhar para buscar voto, que é o que importa agora.”

Kicis frisou que foi ao Planalto cumprimentar o presidente. “Dizer que estou aqui agora disposta a entrar na campanha no segundo turno. Esse é o nosso objetivo principal e praticamente único agora: focar na reeleição do presidente. Então, estou aqui para me colocar como soldado.”

 

Convocação

Na entrevista após a apuração em primeiro turno, Bolsonaro já destacava a convocação que faria de candidatos eleitos. “Fizemos bancada de cento e poucos deputados. Fizemos também senadores. Esse pessoal todo vai ser convidado a conversar conosco para se empenhar durante a campanha, porque é natural os candidatos se preocuparem muito mais com as campanhas deles do que com a presidencial”, argumentou. “Agora, a campanha é a nossa. Eu entendo que isso vai ajudar a gente a conseguir os votos suficientes para ganhar as eleições.”

No Twitter, ontem, Bolsonaro disse que nunca perdeu um pleito. “Sei que não será agora, quando a liberdade do Brasil inteiro depende de nós”, enfatizou.

Ele pediu a seus eleitores que “mantenham o foco”. Sem detalhar, apontou que um dos objetivos mais difíceis “foi alcançado” no primeiro turno e que possui o necessário para “libertar o Brasil do autoritarismo e da chantagem”.

Na busca pela reeleição, o presidente aumentará o tom contra Lula, focando no petista a pecha de corrupto, além de reforçar seus ideais conservadores.

Em outra rede social, Bolsonaro informou que prepara o lançamento de um plano para viabilizar o 13º do Auxílio Brasil voltado a mulheres, a partir de 2023. Esse público também é alvo principal da campanha por conta da forte rejeição ao candidato. Ele, porém, não deu mais informações sobre o eventual benefício.