Título: Ibope deixa Sim em alerta
Autor: Joana Dale
Fonte: Jornal do Brasil, 17/10/2005, Rio, p. A11

Os seis dias de campanha que ainda restam até a eleição do referendo prometem ser movimentados. Tanto na luta do Sim, na Lagoa Rodrigo de Freitas, quanto na do Não, nas praias de Ipanema e Leblon, realizadas ontem, o assunto entre os defensores dos dois lados era o resultado da pesquisa do Ibope que apontou uma virada do Não. O deputado federal Jair Bolsonaro (PP), que compareceu com a família em peso nas praias, deu crédito ao jeitinho dos brasileiros para a guinada.

- Já reparou que o brasileiro deixa tudo para a última hora? Então, ele só começou a se conscientizar agora. O Márcio Thomaz Bastos é o nosso melhor cabo eleitoral quando diz que o objetivo do desarmamento não é tirar a arma do bandido e sim a do cidadão de bem - afirmou o deputado.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), vice-presidente da frente pelo Sim, fez críticas à campanha publicitária da própria corrente que defende. Ela afirmou que esperava um crescimento da chapa rival, mas não um sinal de vitória do Não. Para Jandira, é preciso separar o referendo da imagem do Governo Federal.

- O publicitário conduziu de forma errada. Era preciso convidar os políticos a participarem. Tem gente do PSDB, do PFL, do PT, do meu partido. O José Serra, prefeito de São Paulo, declarou o voto dele, Sim. Tínhamos que dar esse caráter suprapartidário à campanha - lamentou a deputada, que foi à Lagoa.

Para o deputado estadual Carlos Minc (PT) - um dos coordenadores da campanha do Sim que também marcou presença no ato da Lagoa - o motivo da derrota do Sim nesse round está no fato de os argumentos de campanha do lado do Não terem sido direcionados para os direitos dos cidadãos e pela questão da segurança. Mas ele sugeriu novas estratégicas:

- São duas linhas de força que já foram aceitas: ''Votar Não significa não mudar nada'' e ''Desarmar geral''. Pois depois do início da campanha do desarmamento foram devolvidas 420 mil armas e dobrou o número de apreensões com os bandidos.

Para Jandira, a luta também ainda não acabou. A solução apontada pela deputada é direcionar a campanha para os jovens e mulheres.

- A mulher morre no espaço doméstico ou é vítima próxima como mãe. Nessa última semana a campanha vai se direcionar para a sensibilidade feminina - afirmou Jandira, que vai para a Brasília buscar mais apoio.

Ela já pode contar com o reforço do deputado Raul Jungmann (PPS), secretário-geral da frente do Sim. Ele vai tirar uma semana de licença do mandato para se dedicar à campanha.