Título: Pedro Henry alega inocência
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2005, País, p. A4

Processo de ex-líder do PP pode ser arquivado

BRASÍLIA - O ex-líder do PP, Pedro Henry (MT), foi o primeiro dos 11 deputados que respondem a processo de cassação por envolvimento com o mensalão a fazer sua defesa no Conselho de Ética da Câmara. Ontem, em uma reunião que durou pouco mais de duas horas, Henry se declarou inocente e ¿vítima de um ciúme doentio¿ por parte do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que o acusou de ser um dos operadores do esquema de propina. ¿ Ele nunca perdoou um ilustre desconhecido matogrossense superá-lo. Ele que tinha 20 anos de corte. Foi um ciúme doentio. Ganhei projeção dentro da casa e mais especificamente junto ao governo e isto me fez alguns inimigos no Congresso ¿ disse.

Em sua defesa, abordou ponto-a-ponto as acusações que sofreu de Jefferson. Destacou a ausência de provas testemunhais e documentais que o incriminem e ainda ameaçou entrar com um processo na justiça para tentar "reparar" sua imagem.

¿ Se o Congresso me inocentar, o que por coerência é o caminho, vou tomar todas as medidas cabíveis para tentar resgatar minha honra ¿ disse, sugerindo que poderá processar Jefferson.

Para tentar desqualificar as acusações contra ele, Henry citou o relatório de Jairo Carneiro, no processo de Roberto Jefferson, que apontou a ausência de provas para a existência do mensalão.

O próprio Carneiro ajudou Henry no depoimento de ontem. Ele orientou o deputado do PP a explicar logo suas relações com ex-chefe de gabinete da liderança do PP, João Cláudio Genu, um dos sacadores das contas de Marcos Valério.

¿ As declarações de Genu, tanto na Polícia Federal, quanto na CPI da compra de votos, podem comprovar que não tive participação em nada ¿ afirmou Henry.

O relator do processo contra Henry, deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP), preferiu não fazer um pré-julgamento na sessão de ontem, mas não descartou a possibilidade de indicar o arquivamento do processo contra Henry por falta de provas. No entanto, disse que não vai fazê-lo sem antes investigar já que a recomendação partiu da Mesa Diretora da Câmara.