Valor Econômico, n. 4959, 13/03/2020. Finanças, p. C2

IIF alerta para ‘parada súbita’ das finanças

 Sérgio Tauhata 


O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) alerta para o risco de uma “parada súbita” nas finanças globais. “Nós estamos preocupados, começa a emergir o risco de uma parada súbita global nas finanças”, afirmam o economista-chefe da entidade, Robin Brooks, e o economista Jonathan Fortun.

A possibilidade de uma freada repentina no fluxo de investimentos começa a aparecer no horizonte como um efeito da disseminação do coronavírus. “Medidas fiscais e monetárias são um paliativo bem-vindo, mas, no fim, apenas uma resposta coordenada em termos de testes e contenção será capaz de mitigar o ‘fator medo’ nos mercados e promover uma retomada da demanda global. ”

Segundo os economistas, o monitoramento diário do fluxo de não residentes para portfólios de mercados emergentes - um termômetro do apetite ao risco - aponta para uma ampla parada súbita à frente, com uma grande reversão de fluxo já visível. “Nós tememos que 2020 vá ser um outro ano desafiador em termos de crescimento aos emergentes”, disseram os analistas.

O monitoramento de fluxo para emergentes feito pelo IIF mostra que, atualmente, as saídas estão no pior nível da série histórica e excedem as fugas de recursos vistas no episódio de “taper tantrum”, quando o Federal Reserve sinalizou o fim do QE em 2013, e no pior momento da crise de 2008.

Brooks e Fortun explicam que Turquia e Argentina, em 2018, são exemplos de como essa parada súbita de fluxo pode afetar negativamente a atividade econômica, ao levar a uma paralisação de investimentos e com efeitos “que até hoje ambos os países têm de lidar”. Para os economistas, o perigo atual é ocorrer evento similar, mas “em um nível mais global e sistêmico."