Título: Judiciário vai contar parentes empregados
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Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2005, País, p. A6

No dia seguinte à decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que proíbe o nepotismo em tribunais, dirigentes de Tribunais de Justiça (TJs) declararam que irão cumprir a determinação dentro do prazo de 90 dias. Eles não sabem informar, porém, a quantidade de parentes de magistrados empregados. No TJ de Goiás, o presidente, Jamil Pereira de Macedo, declarou que encaminhará dois ofícios aos juízes - um com a cópia da resolução e outro pedindo informações sobre as contratações de parentes e o grau de parentesco. Ele espera ter um cadastro pronto em 15 dias.

Macedo disse, contudo, que as denúncias de nepotismo serão analisadas caso a caso. Ele afirmou que não há como saber o grau de parentesco dos não-concursados antes do levantamento.

O presidente do TJ goiano declarou que não vê o nepotismo como um mal em si, pois muitos desses parentes são ''pessoas dedicadas e trabalhadoras''.

- Nepotismo é uma questão cultural no país, não de corrupção. Agora, o mau uso dessas prerrogativas realmente geram abusos - disse.

Macedo afirmou que, como presidente, nunca nomeou nenhum parente. Ele esclarece que a filha que trabalha com ele é concursada e não foi promovida em sua gestão.

Ao comentar a decisão do CNJ, o presidente do TJ da Bahia, Gilberto Caribé, disse que a medida deveria se estender, por via própria, aos demais poderes constituídos do Estado, ''a fim de atender a princípios de impessoalidade e de moralidade, contemplados na Constituição Federal''.

Para o desembargador Caribé, a recomendação do CNJ é um pleito antigo de parte de diversos segmentos da sociedade. O presidente do TJ baiano disse que aguarda apenas a publicação da resolução para tomar as providências no Estado.

O presidente do TJ de Pernambuco, José Antonio Macêdo Malta, informou, por sua assessoria de imprensa, que iniciou levantamento dos parentes dos juízes contratados sem concurso.

Malta está participando de uma missão diplomática na China, mas afirmou que todos os funcionários que estiverem irregulares serão exonerados.

O desembargador Francisco da Rocha Victor, presidente do TJ do Ceará, disse também por sua assessoria que somente vai se pronunciar depois que a resolução do CNJ for publicada. A mesma postura adotada pelo presidente do TJ no Maranhão, Nilson Coutinho, .

Também por intermédio da assessoria, o presidente do TJ no Espírito Santo, Adauto Dias Tristão, disse que não comentaria a decisão do conselho.

Ele afirmou que está sendo preparado um levantamento para indicar a quantidade de parentes de juízes empregados em cargos de confiança e que fará cumprir a resolução no prazo estipulado.