Título: Crise no PMDB do Rio aguarda volta de Brasília
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2005, País, p. A7

A crise política aberta no PMDB do Rio com a ameaça do presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, de se licenciar do cargo foi colocada ontem em banho-maria. Enquanto o secretário de Governo do Rio, Anthony Garotinho, lançava sua pré-candidatura à Presidência da República, em Brasília, os deputados estaduais preferiam não comentar o caso. Só hoje, com a volta de Garotinho, a briga deve esquentar. Mas a divisão é clara. Enquanto o líder do governo na Casa e fiel escudeiro de Garotinho, Noel de Carvalho (PMDB), foi a Brasília apoiar o ex-governador, os outros homens fortes do PMDB ficaram no Rio. O líder do PMDB na Casa, Paulo Melo, e Picciani não embarcaram.

Ontem, como fez na terça-feira, Picciani foi à Assembléia mas não presidiu a sessão. Saiu pouco depois de a deputada Aparecida Gama assumir a tribuna. Coincidência ou não, o projeto que anistia o juros das cobranças de ICMS e de IPVA, enviado à Casa pelo governo foi retirado pelo segundo dia seguido de pauta, por não ter sido publicado no Diário Oficial.

Presidente do PMDB do Rio, Garotinho agiu com irritação, segundo assessores, ao saber da ameaça de Picciani. Apesar disso, ao falar com jornalistas, preferiu não demonstra preocupação:

¿ Não perdemos o apoio do Picciani. Até o momento, não o vi falando nada sobre isso, só um assessor aqui, outro ali. A maior prova que não houve rompimento é que o filho dele Leonardo Piciani veio aqui me prestigiar. Esse é um assunto pequeno, que vai ser tratado no Rio, não vou tratar disso hoje ¿ amenizou.

Até o início da noite de ontem não havia data marcada para a reunião da Executiva do partido, pedida por Picciani. O presidente da Alerj quer que o governo cumpra as promessas feitas aos deputados estaduais. Além disso, Picciani luta para que o partido lance seu nome ao Senado. (P.T.L.)