Título: Garotinho se lança à Presidência
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2005, País, p. A7

Ex-governador do Rio é o primeiro a se inscrever para as prévias do PMDB, mas enfrenta forte resistência dos líderes da sigla

BRASÍLIA - O secretário de governo do Rio, Anthony Garotinho, realizou ontem um comício em plena Comissão de Orçamento da Câmara. Assinou a sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PMDB, se apresentou como homem de partido, afirmou que deseja mudar o Brasil e a política econômica ¿ditatorial¿ do governo Lula. Sob gritos histéricos e aplausos ensandecidos da claque trazida do Rio e financiada pelo diretório estadual do partido, Garotinho apresentou-se como um nacionalista ao estilo JK. ¿ O governo atual matou a esperança. Somos nacionalistas e desenvolvimentistas e temos um plano claro de geração de empregos ¿ prometeu o peemedebista.

Presidente do PMDB do Rio, onde enfrenta uma crise interna, Garotinho terá que enfrentar uma disputa interna nacional. As inscrições de pré-candidaturas vão até fevereiro e a convenção para definir o candidato do PMDB acontece em março e a previsão é que alguns governadores do partido também se lancem. Apesar do ânimo, o ex-governador do Rio sofre fortes restrições internas no partido. Caciques da legenda acreditam que, por ser desagregador, conquistar a Presidência com Garotinho seria como ¿ganhar e não levar¿.

Garotinho foi o primeiro a apresentar o nome porque pretende viajar o país, conversando, ¿olho no olho¿, com os 24 mil convencionais que decidirão o nome que o PMDB apresentará para a corrida presidencial. Para isso, Garotinho apresentou-se com humildade.

¿ Eu sou um homem de partido. Alguns dizem que não, mas passei 18 anos no PDT. Do PSB, não saí. Fui expulso de forma arbitrária ¿ recordou.

Neste momento, ele aproveitou para atacar o deputado José Dirceu (PT-SP). Segundo Garotinho, Dirceu começou uma guerra contra ele quando o ex-governador não aceitou uma vaga no ministério Lula. A partir daí, Dirceu teria agido na surdina, plantando informações caluniosas nos meios de comunicação e pressionado para que o PSB o desfiliasse.

¿ Engraçado, a vida dá voltas. A mesma pessoa que quis me banir da vida pública, forçando minha expulsão do PSB, está há poucas horas de ser banido da vida pública, por imoralidade ¿ ironizou.

A festa de ontem para Garotinho contou com o apoio maciço do PMDB oposicionista, a começar pelo presidente nacional da legenda, Michel Temer (SP). Temer afirmou que o PMDB é grande e precisa reacender essa chama da candidatura própria. Garotinho lembrou que a convenção do PMDB que decidiu pelo rompimento com o Planalto aconteceu no dia 12 de dezembro, mesma data de seu casamento com a atual governadora do Rio, Rosinha Garotinho.

Também presente no evento, Rosinha expôs números positivos de sua gestão, afirmando que a escolaridade, a renda do trabalhador e a oferta de emprego aumentaram. Sobre o marido, elogios rasgados.

¿ Podem até não concordar com a gestão Garotinho, mas jamais alguém poderá acusá-lo de desonesto ¿ afirmou.

Outro ponto positivo de Garotinho, na visão da governadora, é a firmeza na tomada de posições o que, segundo ela, gera inimizades inevitáveis.

¿ Quando você finca sua posição, acaba desagradando alguém ¿ resumiu.