Valor Econômico, v. 20, n. 4960, 14/03/2020. Política, p. A6

Presidente não quer que haja “histerismo”

Fabio Graner


O presidente Jair Bolsonaro disse em entrevista à rede CNN que vai instalar um gabinete ampliado de crise para tratar da questão do coronavírus. Ele apontou que considera haver uma histeria que seria prejudicial à economia e ao país.

“Conversei hoje com o chefe da Casa Civil, instalaremos amanhã um gabinete de crise com mais gente para tomar as providências, em especial no tocante à economia. Certas medidas tomadas por governadores, que tem autoridade para fazer isso, precisamos ver aqui até que ponto essas medidas vão afetar nossa economia, que grande parte vem do povão”, disse. “Quando proíbe jogo de futebol, entre outras coisas, está se partindo para o histerismo, no meu entender”, disse.

Ele disse que vai defender junto à CBF que venda parte dos ingressos para jogos e não simplesmente faça a partida com portões fechados. “Não partir para simplesmente proibir isso ou aquilo porque não vai, no meu entender, conter essa expansão dessa forma muito rígida”, disse.

“Devemos tomar providência, porque pode sim se transformar em uma questão bastante grave o vírus no Brasil. Mas sem histeria. A economia tem que funcionar porque não podemos ter uma onda de desemprego no Brasil”, disse, completando que isso levaria as pessoas a se alimentarem pior e ficarem mais suscetíveis aos problemas do vírus.

Na entrevista, Bolsonaro respondeu às críticas feitas pelos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) à ação dele hoje, que levou às portas do Palácio do Planalto ato contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. “Eu gostaria que eles saíssem às ruas como eu. Nós políticos devemos ser quase que escravos da vontade popular”, disse, afirmando que está tranquilo. “Espero que eles não queiram partir para algo belicoso depois dessas minhas palavras”, acrescentou.

Ele disse que os acordos têm que ser entre os políticos e o povo. “Se chegarmos a um bom entendimento e partirmos para uma pauta de interesse da população todos seremos bem tratados, reconhecidos e até idolatrados nas ruas. Eu não quero eu aparecer e eles não”.