Valor Econômico, v. 20, n. 4960, 14/03/2020. Internacional, p. A9

Agência dos EUA recomenda a suspensão de eventos



Numa escalada nas medidas para retardar a propagação do coronavírus nos EUA, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendou ontem a suspensão de eventos com 50 pessoas ou mais por cerca de dois meses. A recomendação ocorre dois dias depois do presidente Donald Trump ter decretado emergência nacional em virtude da epidemia.

Nas próximas oito semanas, os organizadores devem cancelar ou adiar eventos públicos desse porte nos EUA, informou a agência em seu site. Quando possível, os organizadores devem tornar esses eventos virtuais. “Essa recomendação é feita na tentativa de reduzir a introdução do vírus em novas comunidades e diminuir a propagação da infecção nas comunidades já afetadas pelo vírus”, diz o CDC.

Até ontem, os casos de coronavírus somavam 3.461 nos EUA, com 64 mortes. Embora essa seja uma fração da incidência da gripe sazonal, as autoridades preveem um aumento nos números, à medida que os testes se tornarem mais disponíveis nos próximos dias.

Em meio à crescente pressão por uma resposta dos governos à crise de saúde, presidente dos EUA, Donald Trump, preside hoje uma videoconferência com seus colegas do G-7 (grupo dos países mais industrializados), por insistência do presidente francês Emmanuel Macron.

Mas as expectativas de uma cooperação entre os países do G-7 são baixas, uma vez que entre as primeiras medidas de Trump contra o coronavírus foi barrar a entrada de europeus e jogar a culpa no aliado continental. Ou seja, não se deve esperar muito em termos de cooperação internacional no G-7.

Além disso, o jornal alemão “Die Welt” informou ontem que a Alemanha e os EUA disputam o controle de um laboratório alemão que desenvolve uma vacina contra o novo coronavírus. De acordo com a reportagem, o governo Donald Trump tenta atrair o laboratório CureVac para assegurar aos EUA os direitos exclusivos sobre a pesquisa. Berlim mantêm intensas discussões com o laboratório, oferecendo incentivos para que a vacina permaneça na Alemanha.

A CureVac tem laboratório em Tuebingen, na Alemanha, e trabalha em colaboração com o Instituto Paul Ehrlich, ligado ao Ministério de Saúde alemão.