Título: Amigos de Lula na CPI
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2005, País, p. A4

Paulo Okamotto e Gilberto Carvalho vão depor

BRASÍLIA - O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), definirá na terça-feira a data do depoimento de Paulo Okamotto, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diretor-presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas).

A pedido da CPI a Polícia Federal foi até Ilha Bela (litoral norte de São Paulo) notificar o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira para depor na comissão no início de novembro sobre o caixa dois. O ex-dirigente petista seria ouvido ontem, porém a PF, acionada pela CPI na tarde de quarta-feira, não conseguiu localizá-lo.

No caso de Okamotto, ele afirma ter pago um empréstimo de R$ 29,4 mil, concedido pelo PT a Lula. Congressistas da oposição suspeitam que a dívida, quitada de dezembro de 2003 a março de 2004, foi paga com dinheiro de Marcos Valério, acusado de operar o ''mensalão''. Okamotto nega.

Efraim apresentou ao Senado pedido, com 30 assinaturas, de prorrogação da CPI até abril de 2006. O prazo terminaria no dia 26 próximo.

A comissão anunciou ontem que está mantida para quarta-feira a acareação de Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete de Lula, com o oftalmologista João Francisco e o professor Bruno Daniel, irmãos do ex-prefeito petista de Santo André (SP) Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002.

Os senadores investigam se o ex-prefeito foi morto por tentar romper com suposto esquema de corrupção montado para alimentar caixa dois do PT.

João Francisco e Bruno Daniel afirmam ter ouvido de Gilberto Carvalho um relato sobre arrecadação de propina. Como o chefe-de-gabinete nega, foi definida a acareação. Lula criticou a decisão no início do mês: ''Estou esperando a CPI dos Bingos chamar um bingueiro'', disse.

Na terça-feira, a CPI ouvirá o ex-juiz federal João Carlos Rocha Mattos, preso há um ano e 11 meses sob acusação de venda de decisões judiciais. Em entrevista à revista Veja, Mattos disse que Carvalho interferiu na investigação do caso Celso Daniel.