Valor Econômico, v. 20, n. 4960, 14/03/2020. Empresa, p. B6

No mundo, grupos enfrentam colapso

Alice Hancock


Este ano deveria ser excelente para as companhias de viagens e turismo. A demanda para o período de férias no hemisfério norte estava aquecida, especialmente da parte das crescentes classes médias asiáticas, enquanto as reservas globais de voos superavam as do ano passado.

Algumas autoridades da área de turismo previam níveis recorde de gastos de visitantes internacionais, com o Reino Unido se preparando para receber o maior número de turistas de sua história.

Mas hotéis, operadoras de turismo e donos de parques temáticos de todas as partes do mundo enfrentam agora um “colapso total”. Depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o coronavírus uma pandemia, vários países impuseram quarentenas e os Estados Unidos proibiram a entrada em seu território de cidadãos de 26 países europeus.

As redes Hilton e Accor, que se encontram entre as cinco maiores empresas mundiais de hotelaria, retiraram suas previsões para o ano na quinta-feira, assim como o site especializado Booking.com. As operadoras de cruzeiros Princess Cruises e Saga Cruises e a especialista em barcos fluviais Viking suspenderam suas operações depois que os governos dos EUA e do Reino Unido aconselharam as pessoas com mais de 70 anos ou com problemas crônicos de saúde a evitar passar suas férias em cruzeiros.

As Disneylândias de Paris e da Califórnia estarão de portas fechadas até o fim do mês. Até mesmo o Monte Everest foi fechado.

“Como uma empresa com 100 anos que adota uma visão de longo prazo, estamos confiantes na resistência do nosso modelo de negócios”, disse Chris Nassetta, presidente-executivo do Hilton, com o grupo anunciando que vai aumentar a tomada de empréstimos de US$ 255 milhões ao ano para US$ 1,75 bilhão.

A Saga, do Reino Unido, que fornece serviços financeiros e pacotes de férias para pessoas com mais de 50 anos, alertou que vai interromper seus cruzeiros até maio e isso vai afetar seu lucro antes dos empréstimos em algo entre 10 milhões e 15 milhões de libras.

“Nunca vi nada assim. É um colapso total”, disse Tom Jenkins, presidente-executivo da European Tour Operators Association, que começou no setor como guia turístico em 1986. “Não só as empresas fracas ficarão contra a parede, como até mesmos as perfeitamente viáveis fecharão as portas. ”

A Tui, maior operadora de turismo do mundo, disse que parou de contratar e congelou os depósitos a donos de hotéis depois de perder dois terços de seu valor de mercado desde o começo do ano.

Analistas do banco de investimentos Cowen rebaixaram suas previsões de lucros para a Booking.com e a Expedia em 50% e 100%.

O World Travel and Tourism Council alertou que até 50 milhões de empregos estão ameaçados na indústria do turismo e que o setor poderá encolher 25% este ano.

“É uma situação que vem mudando diariamente na medida em que governos de diferentes países mudam o que estão fazendo”, disse Sonia Davies, presidente-executiva da operadora de turismo de luxo Scott Dunn.

O número de voos cancelados superou o de reservas na semana até 8 de março, segundo os dados mais recentes da ForwardKeys, com os governos de diferentes países mudam o que estão fazendo”, disse Sonia Davies, presidente-executiva da operadora de turismo de luxo Scott Dunn.

O número de voos cancelados superou o de reservas na semana até 8 de março, segundo os dados mais recentes da ForwardKeys, com as reservas dos EUA para a Europa e Ásia caindo mais de 130% comparado há um ano.