Título: Senadores do PT prometem não usar caixa 2
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2005, País, p. A4

Folhapress

BRASÍLIA - Enfrentando uma crise que pôs em xeque o patrimônio ético do PT, a bancada do partido no Senado divulgou ontem uma pro posta de resolução segundo a qual os candidatos petistas nas próximas eleições prometem não usar o caixa dois novamente. A medida foi aprovada pelos senadores petistas e será submetida ao Diretório Nacional amanhã. Também está sendo proposto que os petistas que disputarão cargos em 2006 registrem na internet diariamente as receitas da campanha, identificando suas fontes, e as despesas.

- Que o PT e todos os seus candidatos que disputarão cargos nas eleições de 2006 e seguintes, tanto para o Legislativo quanto para o Executivo, assumam o compromisso de estar registrando na rede mundial de computadores, diariamente, as receitas, identificando as suas fontes, e as despesas efetuadas relacionadas às campanhas eleitorais, e de não utilizar recursos não-contabilizados ou de caixa dois -, diz a resolução sugerida pelos senadores.

O deputado Chico Alencar (PSOL- RJ), então no PT, chegou a propor, há dois anos, que o partido divulgasse em tempo real as contribuições de campanha. A resposta do então tesoureiro Delúbio Soares foi que ''transparência assim é burrice''.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acha natural ter que se comprometer a não fazer caixa dois, já que a prática ilegal seria adotada por todos os partidos.

Ele citou o depoimento de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que admitiu à CPI dos Correios ter havido caixa dois na campanha à reeleição do tucano ao governo de Minas, em 1998.

- Essa prática ocorreu no nosso partido mas também nos demais, como foi testemunhado pelo Cláudio Mourão. No PFL também houve caixa dois - afirmou Suplicy. Essa também é a linha adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que já declarou que o que o PT fez, ''do ponto de vista eleitoral, é o que é feito sistematicamente no Brasil''.

A proposta de resolução foi aprovada pelos 12 senadores petistas.