Título: Lula fala para a classe média
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2005, País, p. A5
Bolsa-Família ajuda a reduzir crimes
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o programa Bolsa-Família também beneficia a classe média, embora não seja este o foco direto do projeto. Segundo ele, isso ocorre porque haverá menos crianças nas ruas precisando de cuidados. ¿ No fundo, a ganhadora da Bolsa-Família é a classe média ¿ disse Lula no seminário ¿Bolsa-Família: Dois anos Superando a Fome e a Pobreza no Brasil¿, no Palácio Itamaraty, em Brasília.
Em seu discurso, Lula criticou ainda os que acusam o programa de ser assistencialista. Para ele, se entrar no debate ¿academicista¿, a fome não vai terminar nunca. Ele reconhece ainda que os quatro anos de governo serão poucos para acabar com a fome.
¿ É lógico que nós sabemos que não vamos acabar com os males de décadas em apenas quatro anos ¿ reconheceu.
O programa completa este mês dois anos e já atendeu 8 milhões de famílias, segundo Ministério do Desenvolvimento Social, que recebem entre R$ 15 e R$ 95 por mês.
O presidente disse ainda que entende quando a sociedade reclama que os recursos do programa deveriam ser direcionados a outros investimentos, como reforma das rodovias, por exemplo.
¿ Aquele que toma café todos os dias não tem porque reconhecer a fome com a mesma força que os outros reconhecem ¿ acrescentou.
Lula afirmou que o início de programa deve ser sólido e bem fiscalizado e que, para receber financiamento internacional, é preciso mostrar seriedade nos programas.
O presidente defendeu mais encontros para cumprir as metas do milênio, estabelecidas pela ONU, para acabar com a pobreza até 2015.
¿ O Brasil nunca mais será o Brasil do acaso. O Brasil nunca mais será o país do milagre, será um país grande e respeitado no mundo na medida em que seus governantes sejam grandes e se respeitem ¿ disse.
Lula procurou demonstrar bom humor, fez piada com ministros durante a cerimônia e insinuou que não está preocupado com a crise.
¿ Temos que ter ouvidos e olhos tanto para ouvir quanto para ler tudo. Mas nada é mais prazeroso para um ser humano, do que, apesar de tudo, deitar todo dia com a cabeça no travesseiro e dizer ¿hoje valeu a pena governar este país¿.