Título: Petróleo em terra atrai mais empresas
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 18/10/2005, Economia & Negócios, p. A17

De pequenas empresas a grandes petroleiras, as companhias optaram pela segurança da terra firme no primeiro dia da Sétima Rodada de Licitações de Petróleo, da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ontem, poucas arriscaram-se a apostar em áreas que exigem grandes investimentos, à exceção de Petrobras, Devon, Repsol e Amerada Hess. A grande maioria preferiu apostar em campos terrestres, que demandam, em média, um décimo dos gastos necessários para explorar blocos em águas profundas. No balanço do primeiro dia, mais uma vez, a Petrobras foi o destaque das licitações, arrematando sozinha ou em consórcio 31 dos 140 blocos licitados no primeiro dia, que arrecadou R$ 546,62 milhões ¿ o volume de toda a Sexta Rodada foi de R$ 665,2 milhões.

A licitação foi marcada pela fraca participação das grandes petrolíferas internacionais. A espanhola Repsol levou três blocos. Ao todo, foram vendidos 24% dos ofertados (340).

As três áreas que mais atraíram interessados foram as Bacias do São Francisco, no Nordeste, de Campos (RJ), que concentra 80% da produção nacional, e a parte marítima da Bacia do Espírito Santo. Pela primeira vez em um leilão de petróleo, praticamente toda a Bacia do São Francisco foi cobiçada. Uma única companhia, a empresa argentina M&S, apresentou dezenas de propostas. A Tamar brigou por outros sete blocos, mesmo número de áreas disputado pela Northern. A Petrobras apresentou dez envelopes, dos quais sete em parceria com a inglesa BG. A disputa pela bacia foi tão acirrada que a ANP interrompeu o leilão com um intervalo.

O Recôncavo Baiano também despertou interesse por causa de seus campos maduros. Nove companhias apresentaram propostas. Novatos como Brazalta Resources e Silver Marlin Exploração e Produção estrearam na disputa por 14 blocos terrestres.

A Petrobras levou todos os blocos do setor SPOT-AP1 da Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte. Cinco das 29 áreas oferecidas terão a estatal como operadora. Em dois blocos, POT-M-760 e POT-M-760, a Petrobras concorreu com a canadense Encana e a portuguesa Petrogal, enquanto em outros três o consórcio foi formado só com a Petrogal.

O POT-T-354 foi arrematado pelo consórcio da estatal com a Petrogal, as duas com 50% de participação. Dessa vez, contaram mais os pontos obtidos com o programa exploratório ¿ que considera o número de poços a serem perfurados, trabalhos em sísmica, entre outros ¿ do que a oferta em valores. A rival Aurizônia ofertou R$ 201 mil, bem mais do que os R$ 53 mil do consórcio vencedor.

Do lado das áreas mais arriscadas, a Petrobras levou o único bloco arrematado entre os 174 oferecidos no setor SS-AR4 na Bacia de Santos. O S-M-12 foi levado por R$ 3,03 milhões. A estatal foi a única a apresentar proposta. A Repsol venceu duas disputas contra a Shell na Bacia do Espírito Santo (ES). Sozinha, a espanhola levou o ES-M-737 por R$ 51,9 milhões, contra R$ 2 milhões da concorrente anglo-holandesa, que participou ao lado da Petrobras. Com a Amerada Hess, num consórcio no qual é minoritária com 40%, a Repsol pagou R$ 23 milhões (ante R$ 4,6 milhões ofertados por Shell e Petrobras) pelo ES-M-665. Nos dois blocos, os índices de nacionalização também foram superiores, como os programas exploratórios. Com as novas concessões, a Repsol retorna ao país, lembra o gerente de Novos Projetos da companhia, Jorge Marquez.

Dos dez blocos oferecidos no setor capixaba, quatro foram arrematados. Sem disputa, a Petrobras levou a concessão para explorar os blocos ES- M-592 e ES-594. No primeiro, em parceria com a Petrogral. No outro, com a Statoil. Todas as empresas que fizeram propostas por áreas em Campos conseguiram levar ao menos uma. A Petrobras, em consórcio, foi a grande vencedora, com cinco das seis áreas.