Título: Persistem as dúvidas sobre o rumo da Varig
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2005, Economia & NEGÓCIOS, p. A18
Quando chegou à sede carioca da Fundação Ruben Berta (FRB, controladora da Varig), na Ilha do Governador, o representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Sérgio Varella, foi aplaudido de pé. Os funcionários da companhia aérea vislumbravam uma espécie de Moisés, que levaria o povo escolhido para o paraíso na terra do funcionalismo público. Reestatização era uma palavra entreouvida, apesar de todas as negativas de Varella e, na véspera, do presidente em exercício, José Alencar. O plano do BNDES foi bem recebido pelo corpo funcional da Varig, como um sinal de que o governo entrou em campo para, efetivamente, salvar a empresa. Mas as dúvidas persistem. Como será a gestão da companhia durante o período de transição, em que o banco aportará recursos? Ficará a cargo do atual Conselho de Administração, que assinou contrato para pulverizar US$ 2,5 milhões só para que um fundo americano estendesse a oferta de compra da VarigLog por mais um mês?
O tempo se esgota rapidamente e há dúvidas sobre a aprovação da proposta pela Corte de Falências de Nova York. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deverá enviar um representante aos EUA para detalhar o plano do BNDES. O emissário terá a missão inglória de explicar como funcionará a Sociedade de Propósito Específico, quem investirá na empresa e, principalmente, em quanto tempo o dinheiro do empréstimo estará disponível para quitar as dívidas com os credores americanos.
Os débitos acumulados desde o início da recuperação judicial, considerando apenas os contratos de leasing, superam US$ 60 milhões - quase duas VarigLog, na questionada avaliação do fundo Matlin Patterson.
Sem um pacto de governança corporativa que propicie efetiva transparência na gestão da Varig, a Justiça americana determinará o arresto de 21 aeronaves, o que inviabilizaria as operações da companhia. No curto prazo.