Valor Econômico, v. 20, n. 4960, 14/03/2020. Finanças, p. C11

Educação financeira limita pânico na turbulência

Isabel Filgueiras
Júlia Lewgoy
Naiara Bertão 


O nervosismo com a disseminação do coronavírus parece não ter mexido tanto assim com os brios do investidor pessoa física brasileiro, que andou estudando sobre investimentos depois da onda de corte de juros do ano passado. Talvez, se fosse em outros tempos, a coisa toda estivesse ainda pior. Mas os esforços para disseminar lições de educação financeira dão a impressão de terem surtido algum efeito.

Não é de hoje que o investidor vive desafios. Nos últimos meses, teve de sair da comodidade de uma renda fixa que pagava juros altos para buscar novas formas de rentabilidade. Foi descobrindo o mundo de aplicações sofisticadas. Também passou a ter mais assessoria para lidar com o dinheiro.

De acordo com especialistas, a sacudida do mercado gerou, sim, muita apreensão. Mas o conhecimento sobre as aplicações, o acesso a informações e a profissionais limitou os estragos geralmente causados pelo pavor e por decisões impulsivas. O investidor amadureceu, avaliam agentes autônomos, os assessores de investimentos de escritórios vinculados a corretoras.

Se a bolsa está caindo, a culpa não é do investidor pessoa física. Aliás, são justamente eles que mais estão apostando no mercado de ações neste momento de baixa, depois de queda de mais de 15% na semana passada. O presidente do escritório de agentes autônomos Acqua Investimentos, Eduardo Siqueira, diz que existe uma preocupação muito maior com o que fazer do que com as perdas em si. “Já passei por algumas crises. Esta está sendo a menos traumática, por incrível que pareça, porque a educação financeira evoluiu. ”