Título: Embargo afeta saldo comercial
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/10/2005, Economia & Negócios, p. A20
As restrições à carne brasileira impostas por mais de 30 países tiveram seus primeiros reflexos na balança comercial durante a segunda semana de outubro. Houve queda nas vendas de carne, couro e peles. Na média diária, as exportações chegaram a US$ 529,8 milhões, queda de 6,3% em relação à média da semana anterior. Por outro lado, a média diária das importações cresceu 5,1% no mesmo período de comparação, reduzindo o saldo comercial no período para US$ 647 milhões. Frente à primeira semana, que teve superávit de US$ 1,075 bilhão, a queda foi de 39,8%. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, nega, porém, os efeitos do embargo no saldo comercial e atribui a queda a um número menor de dias úteis, devido ao feriado. Na segunda semana de outubro, as exportações somaram US$ 2,119 bilhões e as importações, US$ 1,472 bilhão. Na semana passada, houve queda de 30,4% nas vendas de semimanufaturados, para US$ 57 milhões, puxada por couros e peles, celulose e açúcar. Nos produtos básicos, o recuo foi de 18,7%, para US$ 152,5 milhões, por conta de minério de ferro, carne de frango, bovina e suína, petróleo cru, farelo de soja e algodão.
Nos manufaturados houve crescimento de 10,3%, para US$ 309,8 milhões, por conta de gasolina, laminados planos e autopeças.
No acumulado do ano, o saldo chega a US$ 34,393 bilhões, resultado de US$ 91,665 bilhões em exportações e de US$ 57,272 bilhões em importações.
Ao negar o efeito do embargo no saldo comercial, o ministro Furlan alegou que uma comparação feita com a média de exportações numa semana normal não mostra queda. Ele comentou, ainda, que o impacto da aftosa nas exportações vai depender da decisão do governo da Rússia de flexibilizar o embargo à carne produzida no Mato Grosso do Sul, após as alegações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que viajaram ontem ao país para tratar do assunto. ¿ Nesse caso, a possibilidade de queda das exportações será muito reduzida ¿ afirmou Furlan.