Correio Braziliense, n. 21766, 20/10/2022. Política, p. 4

Militar não audita a eleição



Depois de ter desafiado, várias vezes, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmando que as Forças Armadas seriam as fiscais do pleito e garantidoras do voto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, ontem, que os militares “não fazem auditoria” de urnas eletrônicas. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, deu 48 horas, que se encerram hoje, para que o Ministério da Defesa apresente a auditoria realizada no primeiro turno da votação. A pasta informou, também ontem, que a análise só será mostrada depois do segundo turno. Os militares não teriam encontrado nada suspeito, o que irritou Bolsonaro, que impediu a publicação do levantamento.

“As Forças Armadas não fazem auditoria. Lançaram equivocadamente… A Comissão de Transparência Eleitoral não tem essa atribuição. Então, furada, fake news”, disse Bolsonaro. O presidente ainda negou que tenha falado em relatório dos militares: “Você está botando na minha boca agora? Não bota na minha conta, não”, rebateu.

Após a votação do primeiro turno, ao ser questionado sobre a confiança nos números divulgados pelo TSE, o presidente respondeu que iria aguardar o parecer das Forças Armadas. Até agora esse levantamento não foi divulgado, o que levou Moraes a cobrar o resultado com uma dura crítica aos militares.

“As notícias de realização de auditoria das urnas pelas Forças Armadas, mediante entrega de relatório ao candidato à reeleição, parecem demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo chefe do Executivo”, criticou Moraes.

Bolsonaro disse, também, que não recorrerá da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que autoriza prefeituras a oferecerem, voluntariamente, a gratuidade de transporte público urbano coletivo de passageiros, no próximo dia 30 — data do segundo turno das eleições. “Poderíamos recorrer, mas não vamos. Vamos deixar todos que possam votar que votem. Que facilite a vida daquelas pessoas que não têm recursos para pagar transporte para a votação”, afirmou.

O presidente ainda ironizou a carta do petista Luiz Inácio Lula da Silva aos evangélicos, na qual o candidato se posiciona sobre questões como o aborto. “Quem assinou? Qual é o perfil de quem assinou? Tem igreja? Qual a densidade deles? Até no meio militar têm dissidências. A gente sabe que tem”, desdenhou.

 

Mais apoios

Também ontem, Bolsonaro se reuniu com prefeitos ligados à Confederação Nacional dos Municípios, além de vice-prefeitos e vereadores — que entregaram uma carta com propostas e deram apoio à reeleição. Neste momento, o presidente pediu para derrotar “uma ideologia nefasta de esquerda”.

“Vamos na reta final dar uma força, em especial no dia das eleições, para a gente garantir a nossa reeleição e a continuidade desse trabalho que vocês sabem que está sendo muito bom, levando-se em conta governos anteriores”, pediu. E acrescentou que “sempre tratamos com respeito os municípios de todo o Brasil, independentemente da posição político-partidária de cada prefeito. E nós sempre dispensamos recursos de modo que há dois anos não se tem notícia de atraso de pagamento ou parcelamento de 13º, além da transferência de recursos adicionais cada vez mais sendo ampliada. É a nossa política de menos Brasília, mais Brasil”.

No leque de apoios, o presidente recebeu os ex-candidatos ao governo de Goiás Gustavo Mendanha (Patriota) e Vitor Hugo (PL) — que ficaram em segundo e terceiro lugar, uma vez que Ronaldo Caiado (União Brasil foi reeleito).

“É um sinal de que o estado está praticamente 100% fechado conosco. Tivemos o Caiado e, agora, o segundo e o terceiro lugar. É muito bem-vindo. Unanimidade a gente não vai ter, mas a grande maioria aumenta muito o nosso potencial de voto. O que a gente precisa para, realmente, concretizar a virada e continuar o nosso trabalho”, agradeceu.