Valor Econômico, v. 20, n. 4961, 17/03/2020. Brasil, p. A4

Para sindicalistas, FGTS é positivo

Thais Carrança


“Fracas e distantes da realidade do problema”, esta é a avaliação de Clemente Ganz Lucio, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), sobre as medidas emergenciais anunciadas ontem pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para responder à crise do coronavírus.

Uma das medidas talvez mais polêmicas do pacote do ponto de vista dos trabalhadores, a possibilidade de as empresas adiarem por três meses o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é avaliada, porém, como razoável, tanto por Ganz Lucio, como por Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

“Essa ação pode fazer sentido, se complementar a medidas voltadas ao trabalhador”, disse Torres. “É importante, alivia um pouco a carga fiscal das empresas e ajuda o fôlego empresarial, mas é preciso garantir renda, se não a crise vai se aprofundar.”

“Diferir [o FGTS] é uma medida necessária, complementar do que não veio: as medidas estruturais. O Estado vai ter de gastar muito, mas muito mesmo”, avalia Ganz Lucio.

Procurada, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical do país, disse que ainda iria analisar o pacote anunciado por Guedes e que deve tornar público hoje o seu posicionamento.