Título: Pesquisas ampliam polêmica na sucessão
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 18/10/2005, Brasília, p. D3
A um ano das eleições, as pesquisas de intenção de votos começam a traçar um perfil das candidaturas esperadas para o governo do Distrito Federal. As pesquisas podem ajudar os partidos a escolherem os candidatos e há quem diga que pode até influenciar o governador Joaquim Roriz a escolher quem vai apoiar na corrida ao Palácio do Buriti em 2006. Mas nem todos os candidatos acreditam que a divulgação das intenções de votos do eleitorado brasiliense com tanta antecedência possa ser encarada como um dado tão relevante. Na última pesquisa divulgada no fim de semana, o Instituto O&P Brasil aponta o PFL à frente. O deputado federal José Roberto Arruda lidera com 33% das intenções de votos e o senador Paulo Octávio fica com 19,5%. O partido ainda não escolheu o candidato, mas os números podem favorecer a escolha de Arruda. Independentemente disso, os dois pré-candidatos fazem questão de comparecer aos eventos populares no Plano Piloto e nas cidades do Entorno de Brasília.
Para Maurício Corrêa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e pré-candidato pelo PMDB, não é possível prever se os resultados nas pesquisas divulgadas serão mantidos, mas ele acredita que isso possa acontecer. Para Corrêa, os candidatos que aparecem mais ao lado de Roriz conseguem melhor desempenho nas enquetes.
- Os candidatos que se dizem apoiados pelo governador se mantêm em alta posição nas pesquisas. Mas e se tirarem o suposto apoio? - questiona o ex-ministro.
Corrêa não acredita que o governador Roriz vá escolher um candidato baseado nas pesquisas eleitorais.
- O Roriz não diria isso. Interpretaram que ele vai avalliar os resultados divulgados, mas não quer dizer que vai decidir pelas pesquisas. Essa interpretação é perigosa porque anima os candidatos a partir para campanhas extemporâneas - afirma.
Tadeu Filippelli, presidente do PMDB de Brasília e secretário de Infra-Estrutura e Desenvolvimento do GDF, discorda do correligionário.
- É o desejo de todo pré-candidato obter bom desempenho nas pesquisas. Além disso, elas vão ser instrumento de decisão de Roriz - diz o secretário.
Filippelli critica a forma como as pesquisas vêm sendo elaboradas. Ele defende a inclusão de apenas um nome de cada partido já que o prazo para filiação partidária encerrou no dia 1º de outubro.
- Não adianta uma pesquisa sair com vários nomes de um mesmo partido. Daria para ser feito estudo com cenário mais próximo da realidade - argumenta.
Com 3% das intenções de votos, Filippelli não acredita que este seja o quadro definitivo das eleições. Maurício Corrêa, com 0,8%, pensa o mesmo.
- Ainda está cedo . Estamos a um ano da eleição. O cenário pode mudar completamente. Quem morre de véspera é peru - brinca o secretário.
Legendas - De acordo com a pesquisa, se as eleições fossem hoje, o PSDB ficaria em quarto lugar, com 7,7% dos votos para a atual vice-governadora Maria de Lourdes Abadia. Esse número leva em conta candidaturad simultânead de Arruda e Paulo Octávio, o que é inviável pois os dois são da mesma legenda. O terceiro lugar ficaria com o senador Cristovam Buarque (PDT), que não anunciou sua pré-candidatura. Entre os pedetistas, há aqueles que apontam o nome do senador ao Palácio do Planalto.
Abadia assume o lugar de Roriz em abril, quando ele deve se lançar candidato ao Senado. Assim, ela só poderá se candidatar à reeleição como governadora.
Para Abadia, as pesquisas divulgadas este ano sinalizam uma tendência para as eleições do ano que vem, mas não apontam o que de fato vai acontecer, conforme informou a assessoria de imprensa da vice-governadora.
Abadia costuma citar exemplos de candidatos que, atrás nas pesquisas, acabaram vencendo as eleições. É o caso de Cristovam (PDT), que começou embaixo nas enquetes e ganhou a eleição de 1998 para governador do DF. O mesmo aconteceu com Marconi Perilo (PSDB) em 2002 em Goiás.
Essa pode ser a esperança da esquerda, cujo líder nas pesquisas é Geraldo Magela (PT) com 3,9% da intenção de votos. Ele é seguido das petistas Arlete Sampaio e da deputada federal Maninha, ambas com 1,1%.