Valor Econômico, v. 20, n. 4961, 17/03/2020. Política, p. A8

Doria e senador discutem em instalação policial

Carolina Freitas
André Guilherme Vieira


O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o senador Major Olímpio (PSL-SP) discutiram e quase se agrediram fisicamente ontem, na capital paulista. Eles tiveram de ser separados por seguranças.

Doria chegava de carro para uma visita ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), da Polícia Civil, na manhã de ontem, quando foi abordado por Olímpio, que levava consigo um microfone conectado a uma caixa de som. Olímpio estava acompanhado do deputado Coronel Tadeu (PSL-SP).

Os dois disseram ter sido chamados ao local por policiais civis descontentes com a reforma da previdência estadual e que estariam preocupados com as condições de trabalho em meio à pandemia do coronavírus. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram Olímpio caminhando em direção a Doria. Os dois discutem e, aos gritos, Olímpio chama o governador de “covarde”, “fujão” e “vagabundo”. Não é possível ouvir o que Doria respondeu, mas o tucano aparece gritando com o dedo em riste.

O senador então foi retirado do local por seguranças do governador. Em nota divulgada depois da briga, Olímpio disse que Doria “falou impropérios” a ele.

Já Doria acusou o senador de fazer “proselitismo político eleitoral”. “É um desrespeito ao povo de São Paulo um senador da República que vira as costas para o grave tema da saúde pública”, disse o governador em nota.

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) afirmou que a escolta de Doria promoveu “agressões” a Olímpio. A segurança do governador é feita por policiais militares. “O senador estava presente para se manifestar democraticamente, quando foi agredido e retirado à força do local pela escolta poucos momentos após a chegada do governador João Doria”, disse o sindicato em nota.

Ontem à noite, ao menos 400 detentos fugiram do Centro de Progressão Penitenciária Doutor Rubens Aleixo Sendin, em Mongaguá (SP), e funcionários foram feitos reféns. O local abriga presos em regime semiaberto.

Entre as medidas contra o coronavírus, o prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), anunciou ontem que suspenderá o rodízio de veículos por tempo indeterminado e fechará equipamentos culturais na cidade. Em um momento em que negocia a vaga de vice com o jornalista José Luiz Datena (MDB), da TV Bandeirantes, o prefeito escolheu o apresentador para falar com exclusividade sobre o assunto ontem à tarde. Procurada, a assessoria de imprensa de Covas não se pronunciou.