O Globo, n. 32568, 07/10/2022. Política, p. 10
Urnas tiveram “100% de aprovação” nos testes, diz TSE
André de Souza
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, afirmou ontem que os resultados dos testes de integridade, tanto o tradicional quanto o com biometria — pedido pelos militares — mostraram que as urnas eletrônicas registraram fielmente os votos dados.
O ministro lembrou que o teste foi realizado como em todas as eleições.
— Todos se recordam que, em vez das cem urnas tradicionais, realizamos (os testes) em 641. E como só poderia acontecer, todas as urnas conferiram os votos dados com os votos dados em papel. Lembrando que o teste de integridade é filmado integralmente para comparar os votos em papel, que são preenchidos anteriormente, e digitados no momento do teste de integridade pelos servidores da Justiça Eleitoral — disse Moraes no fim da sessão do plenário do TSE.
O teste de integridade tradicional simula uma votação no dia da eleição para conferir se as urnas são confiáveis. Este ano, pela primeira vez, foi feito um teste de integridade também da identificação biométrica, conforme pedido pelas Forças Armadas. Nesse caso, 58 foram testadas, e 2.044 eleitores participaram como voluntários.
— Da mesma forma, não houve nenhuma divergência. Cem por cento de aprovação do teste de integridade 2.044 eleitores voluntários participaram dos testes de integridade das urnas com biometria com biometria — afirmou Moraes. —Vinte anos de absoluta lisura das urnas eletrônicas, com comprovação imediata pelo teste de integridade.
O teste com biometria — aprovado em setembro deste ano pelo plenário do TSE, já sob a presidência de Moraes — é um projeto-piloto e foi um aceno do TSE às Forças Armadas, que fizeram a proposta de implementá-lo. A participação dos militares na Comissão de Transparência Eleitoral do Tribunal, a convite do expresidente da Corte Luís Roberto Barroso, foi uma forma de tentar aplacar os ataques sem provas do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro. Porém, uma vez participando da comissão, houve vários atritos entre eles e o TSE, que por algumas vezes teve que rebater posições externadas pelos militares com dúvidas sobre os equipamentos, usados nos país desde 1996 sem que nenhuma fraude fosse comprovada até hoje.
A análise com o uso da biometria foi feita em 18 estados e no Distrito Federal. O teste compara os resultados dos votos dados pelo voluntário na urna eletrônica, submetida à auditoria, com os simulados em cédulas de papel, para verificar se o equipamento registra corretamente os votos. A análise tradicional, sem o dado do eleitor, é feita em locais indicados pelos Tribunais Regionais Eleitorais, mas a sugestão das Forças Armadas era justamente que os testes fossem feitos com pessoas reais, no momento da votação.
No domingo, em entrevista coletiva, Moraes disse que ainda será analisado se será necessário manter o teste de integridade com biometria:
— Do ponto de vista operacional, foi um sucesso. Não houve nenhuma intercorrência. Vamos agora analisar se, do ponto de vista de aumento da transparência, é necessário.