Título: Quase preso por engano na CPI
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 19/10/2005, País, p. A4

Um ''engano'' salvou Fernando de Godoy, ex-assessor executivo da diretoria de administração dos Correios, de protagonizar a primeira prisão em flagrante na CPI dos Correios por falso testemunho. Godoy foi apontado três vezes por Maurício Marinho, ex-chefe do departamento de administração da estatal, como integrante de um grupo de altos funcionários dos Correios ''estruturado para a prática de irregularidades'' em benefício do PTB, partido do deputado cassado Roberto Jefferson (RJ).

Relatório da Controladoria Geral da União (CGU) afirma que Godoy escondeu por mais de uma semana a gravação em que Marinho aparece recebendo propina.

Ontem, o ex-assessor executivo prestava depoimento na subcomissão de contratos da CPI sob a condição de testemunha. As declarações eram feitas unicamente ao deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), já que não havia outros parlamentares na sala. Questionado sobre sua participação em uma suposta ação em benefício de uma empresa, Godoy pediu para repassar algum documento para Cardozo.

Ao passar um papel ao deputado, apontou para um calhamaço nas mãos do parlamentar, cópia do depoimento sigiloso que Maurício Marinho prestou ao Ministério Público Federal e disse que tivera acesso ao documento. Ele queria, na verdade, se referir ao primeiro depoimento de Marinho, que não é secreto.

Ao dizer que não se lembrava como havia tido acesso ao documento, Godoy foi pressionado por Cardozo.

- Espero que o senhor faça um esforço de memória ou terei de prendê-lo - ameaçou o deputado.

Mesmo com o pedido de desculpas, o deputado do PT pediu que seja requerida a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário de Godoy e que ele passe da condição de testemunha a de investigado.