Título: MST promove ações de protesto
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2004, País, p. A7

Sem-terra fizeram manifestações em quatro Estados

Cerca de 500 integrantes do MST invadiram ontem de manhã o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Goiânia. Eles montaram acampamento no local. Houve ações contra o instituto também no Ceará e em Mato Grosso do Sul. Segundo a direção do MST em Goiás, o objetivo dos sem-terra é acelerar a liberação de recursos para a desapropriação de áreas já vistoriadas pelo Incra em todo o Estado.

Líderes do MST passaram a tarde reunidos com o superintendente regional do Incra em Goiás, Ailtamar Carlos da Silva, para tentar um acordo, mas os sem-terra se recusaram a deixar do prédio sem garantias de que os processos de reforma agrária no Estado avançarão.

No Ceará, cerca de 600 sem-terra acamparam em frente ao prédio do Incra, em Fortaleza, para cobrar do governo federal o cumprimento da meta de assentamentos da reforma agrária deste ano. O objetivo anunciado era de assentar 2 mil famílias no Ceará, mas até agora, segundo os sem-terra, menos de 100 foram beneficiadas.

Em Mato Grosso do Sul, cerca de 400 índios das etnias guarani e caiuá invadiram um assentamento do Incra em Naviraí (342 km de Campo Grande). Os índios querem a posse de uma fazenda vizinha. O assentamento invadido tem 2.605 hectares, foi criado em 2001 e abriga 113 famílias de trabalhadores rurais. O Incra informou que avisou a Funai da invasão e entrou na Justiça Federal com pedido de reintegração de posse do assentamento.

Em Araguari, região do Triângulo Mineiro, cerca de 200 integrantes do MST, segundo a Polícia Rodoviária Federal, bloquearam por três horas e meia os dois sentidos da BR-050, no km 39, para chamar atenção para a morosidade da reforma agrária. O bloqueio com queima de pneus, das 10h30 às 14h, provocou cerca de dez quilômetros de congestionamento.

No Rio, cerca de cem militantes do MST protestaram em frente à agência dos Correios do Centro. Os militantes enviaram uma carta ao ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, denunciando a falta de estrutura dos acampamentos no Estado. Na carta, também afirmam que, das 4 mil famílias acampadas, só 2.600 foram cadastradas para receber cestas básicas em 2005.

A manifestação faz parte de um movimento nacional que se estenderá até amanhã, com o objetivo de chamar a atenção do governo e da sociedade para as principais reivindicações das famílias acampadas. Entre as queixas está a definição de um cronograma para o próximo ano, além da retomada do cadastramento de famílias acampadas e da aceleração do processo de desapropriações. Os manifestantes também pretendem fechar trechos da Rio-Santos, no trevo de acesso a Mangaratiba, e da BR-101, próximo à entrada da cidade de Campos.

Em Volta Redonda, os militantes do MST vão participar de um ato junto com metalúrgicos, estudantes e as Comunidades Eclesiais de Base. O ato será na entrada principal da Companhia Siderúrgica Nacional e lembrará os 20 anos do assassinato de três trabalhadores.

No Rio Grande do Sul, o Incra deve concluir a compra de três propriedades até o fim deste mês. Segundo o superintendente do instituto no Estado, Ângelo Menegat, nos 6 mil novos hectares deverão ser assentadas entre 350 e 400 famílias, dependendo do projeto que será feito nessas áreas.