Título: Fundo de ações popular
Autor: Alessandra Bellotto e Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2005, Economia & Negócios, p. A19

Com procura recorde por PIBB, BNDES dobra oferta inicial, para R$ 2,285 bi. Investidor pessoa física levará 75,5% das cotas

RIO e SÃO PAULO - A oferta pública de cotas do fundo Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB) atingiu R$ 2,285 bilhões, mais do que o dobro da previsão inicial, de R$ 1 bilhão. Com o sucesso da segunda edição do produto, somente quem investir até R$ 15 mil levará o total de cotas pleiteadas. As negociações da nova remessa serão iniciadas na Bolsa de Valores na próxima terça-feira. Se tivesse sido iniciada ontem, porém, o investidor já teria perdido 1,67% do valor investido: a cota foi fixada a um valor inicial de R$ 40,69, e os papéis que já estão no mercado, da primeira edição, fecharam a R$ 40,01, acompanhando o tombo das principais ações.

Diferentemente da primeira emissão dos papéis, em julho de 2004, desta vez o investidor pessoa física teve uma participação maciça, e levará 75% da oferta - R$ 1,725 bilhão. A demanda no varejo, no entanto, superou R$ 2,4 bilhões. Para os institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, serão destinados R$ 560,867 milhões em cotas (ou 24,5% da operação).

As reservas acima dos R$ 15 mil investidos só serão atendidas em 40,66%. Por exemplo: um investidor que tenha feito uma reserva de R$ 40 mil investirá R$ 25,166 mil, resultado da soma de R$ 15 mil garantidos pela oferta, com R$ 10,1 mil (40,66% sobre o excedente de R$ 25 mil).

Os valores depositados em excesso serão devolvidos pelos agentes vendedores, sem juros ou correção monetária e deduzidos os encargos e tributos devidos, no prazo máximo de três dias úteis. A data de liquidação da oferta e entrega da cotas está prevista para a próxima terça-feira.

O PIBB é um fundo de investimento que acompanha o desempenho do índice IBrX-50, composto pelas 50 ações mais negociadas na Bovespa, entre elas Petrobras e Companhia Vale do Rio Doce. O gerente da corretora Coinvalores, Otávio Sant'anna, aconselhou o investidor a não se assustar com a queda no preço das cotas.

- O PIBB é um investimento em ações e, por isso, deve ser visto como de médio prazo. O investidor não deve se atentar aos movimentos de curto prazo, puxados pela queda da bolsa - disse ele, lembrando que a Petrobras caiu ontem 4,96%.

Na semana passada, os coordenadores da operação - Itaú BBA e Santander - informaram que o valor inicial da operação foi elevado de R$ 1 bi para R$ 1,725 bi, com a possibilidade de chegar a R$ 2,3 bi. No total, serão distribuídas 56.177.634 cotas de PIBB.

Um dos grandes atrativos da oferta foi a opção de venda. Para o gestor da BCSul Verax Serviços Financeiros, Pedro Lérias, ''a grande vantagem do PIBB é correr o risco de bolsa sem o ônus de perder o principal''. A opção só poderá ser exercida após um ano de aplicação, entre os dias 26 de outubro de 2006 e 29 de dezembro de 2006. Somente nesse período, o BNDESPar garante o retorno do valor investido - no limite de até R$ 50 mil por CPF -, sem juros ou correção monetária, deduzidos os encargos e tributos devidos.

A primeira emissão do PIBB ocorreu em julho de 2004, em uma operação de R$ 600 milhões, divididos igualmente nos segmentos institucional e de varejo. Desde então, o papel acumula valorização de 51,06%.

O prazo para reserva da segunda emissão de cotas do PIBB foi encerrada no dia 14 de outubro. Agora, a aquisição só será possível na Bolsa de Valores ou indiretamente em fundos de investimento. Nos dois casos, não há mais garantia de recompra pelo BNDES.