Título: Emprego reage, mas informalidade cresce
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 19/10/2005, Economia & Negócios, p. A17

O mercado de trabalho na América Latina mostra sinais de recuperação, com a queda das taxas de desemprego urbano e aumento dos salários mínimos reais, segundo dados do Panorama Laboral 2005 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado ontem. Apesar da melhora, o panorama também constata que o desemprego continua alto, com persistente ampliação do setor informal. O relatório da OIT concluiu que, no primeiro semestre de 2005, a taxa de desemprego urbano caiu de 10,9% para 9,6% da População Economicamente Ativa (PEA), em relação ao mesmo período do ano passado, o que corresponde a 18,3 milhões de pessoas desocupadas. No Brasil, a taxa de desemprego caiu de 12,3% para 10,3%. A diretora da OIT, Laís Abramo, explicou que a tendência de redução das taxas de desemprego só será mantida se o crescimento econômico dos países da América Latina for contínuo. Entretanto, segundo o estudo, com exceção do Chile e Trinidad e Tobago, o crescimento dos países da região tem sido instável e insuficiente se analisados os últimos dez anos. Já no último ano, o Produto Interno Bruto (PIB) regional cresceu 5,9%, a taxa mais alta em 25 anos e a projeção para 2005 é de 4,2%.

¿ Apesar dessa melhoria, a taxa de desemprego na região é muito elevada. É necessária a aplicação persistente de políticas econômicas e sociais para a criação de empregos de qualidade ¿ afirma Laís.

Dado que chama a atenção é o número de crianças e adolescentes que estão no mercado de trabalho. O Brasil tem 4,8 milhões de trabalhadores com idades entre 10 e 17 anos. Abaixo dos 10, são 137,5 mil ¿ embora a idade legal de trabalho seja a partir dos 16 anos. No total, o país conta com 87,7 milhões de trabalhadores com idade a partir de 10 anos.

Quanto à informalidade, não constam dados do Brasil neste estudo, já que o IBGE, responsável por repassar informações para a OIT, ainda não atualizou os números. Entretanto, dos dez países com dados disponíveis para o biênio 2003-2004, aumentou a ocupação no setor informal em quatro deles: Equador, Paraguai, Peru e República Dominicana.