Correio Braziliense, n. 21776, 30/10/2022. Política, p. 6

Carla Zambelli saca arma no meio da rua

Pedro Grigori
Fernanda Strickland
Henrique Lessa


Brasília e São Paulo — A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma das maiores aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi flagrada em um vídeo gravado, ontem, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, com uma arma na mão perseguindo um homem negro. O caso aconteceu próximo a um ato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A deputada informou, pelo Instagram, que foi agredida por “um homem negro” e “militante de Lula”. “Me chamaram de filha da puta”, disse.

No vídeo, o homem aparece correndo no cruzamento das alamedas Lorena e Joaquim Eugênio. A pessoa que faz a gravação diz “é a Zambelli, é a Zambelli”. Momentos depois, a deputada aparece com uma arma na mão, apontando em direção ao homem, e grita “pega ele!”. O homem tenta se esconder em um comércio. Zambelli entra no local com a arma em punho e diz: “deita no chão, deita no chão”.

“Acabei de fazer um boletim de ocorrência, pois fui agredida agora há pouco. Me empurraram no chão, era um homem negro, pois escolheram um homem negro para vim em cima de mim, mas eram vários. Eu estava saindo do restaurante, eles tinham visto a gente antes, então me cercaram, e me empurraram, me machucaram. Eles me chamaram de filha da puta, de prostituta, me xingaram de várias coisas, cuspiu em mim”, postou a deputada.

No vídeo, a deputada ainda diz que vem recebendo “muitas ameaças de mortes”, e mais de “10 mil mensagens e 200 ligações”. “Eu recebi várias mensagens, mas uma delas disse que ia dar tiro de 12 na minha cara. É daqui de SP, estou indo para a Polícia Civil, para notificar essa pessoa, para ela dar depoimento. Ele vai ser intimado”, completa a deputada bolsonarista. Ao Correio, a deputada disse que “ninguém está se preocupando com a mulher da história”.

Após a repercussão dos vídeos, a parlamentar admitiu que sabia da resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe o transporte de armas e munições entre sábado e segunda-feira, devido a realização do segundo turno das eleições.

“Conscientemente eu estava ignorando a resolução do Alexandre de Moraes, porque ele não é legislador, ele é simplesmente o presidente do TSE e membro do Supremo. Não pode em nenhum momento fazer uma lei”, afirmou Zambelli para jornalistas em São Paulo.