Título: Combate à aftosa sob ameaça
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Fonte: Jornal do Brasil, 19/10/2005, Economia & Negócios, p. A18
Pecuaristas de Japorã, município do Mato Grosso do Sul onde foram confirmados dois focos de febre aftosa, anunciaram que não irão permitir o abate de animais até que a indenização esteja em suas contas correntes. Os produtores programaram uma manifestação para hoje, em frente a uma das propriedades onde surgiu gado bovino com a doença, o sítio Santo Antônio. Eles querem pressionar o governo a indenizar os pecuaristas. Além da resistência dos produtores de Japorã, o governo ainda enfrenta a possibilidade de confirmação de dois novos focos da doença no município, além dos quatro já identificados em fazendas sul-matogrossenses.
A determinação de sacrifício dos animais foi dada pelo Ministério da Agricultura, após a confirmação, na segunda-feira, dos três novos focos de aftosa. Desses, dois foram identificados em Japorã e um em Eldorado, município onde foi registrada a primeira ocorrência, na semana passada.
A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) informou que os proprietários não podem impedir a entrada dos fiscais. O Ministério da Agricultura ainda aguarda o resultado de testes que poderão confirmar dois novos focos em Japorã, o que é considerado normal.
A confirmação dos novos focos fez com que dois municípios fossem incluídos na região de isolamento em Mato Grosso do Sul: Tacuru e Sete Quedas. Outras cinco cidades do estado já estavam na área isolada: Japorã, Eldorado, Mundo Novo, Itaquiraí e Iguatemi.
Além das 4.565 cabeças condenadas, outras 582 já tinham sido sacrificadas em Eldorado, na semana passada. O presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, Antenor Nogueira, estima que a perda para os produtores afetados esteja acima de R$ 1,5 milhão. Ainda não está definida a forma como os produtores serão indenizados.
Ontem, o Paraguai ampliou a área de controle da fronteira com o Brasil após a descoberta dos novos focos, a quatro quilômetros da fronteira. O Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal, responsável pela defesa sanitária no país vizinho, informou que a vigilância irá 25 quilômetros além da fronteira. Além disso, veículos vindos do território brasileiro foram desinfetados. O Senacsa também determinou a suspensão do pastoreio no estado uruguaio de Canindeyú, que tem 700.000 cabeças de gado distribuídas.